Acabamos nos atendo por um tempo da conversa, no chamado Centrão no Parlamento.
Recordo-me durante a Assembléia Constituinte, que ouvi a respeito do “Centrão”, grupo formado por parlamentares, especialmente de legendas menores e dissidentes do PMDB (ex e atual MDB). A ideia era barrar alguns aspectos mais progressistas no texto constitucional.
Esse grupo garantiu o mandato de cinco anos ao ex-presidente Sarney, ao custo de cargos e principalmente de concessões de rádio e tv.
Pedroso reforça que exatamente isso, os atuais representantes do Centrão são o eco deste estilo parlamentar. Inclusive, o formato de nossa Carta Magna tem em sua gênese, muitos aspectos parlamentaristas. Isso dificulta a atuação do presidente sem uma construção de base majoritária no Congresso.
Entendo que esse é o ponto frágil. No Parlamentarismo, a construção dessa maioria parlamentar é voltada para alianças programáticas, o que se percebe ́ é diferente. Predomina uma preocupação pela ocupação de cargos e a administração de verbas. O foco é a reeleição e manutenção de cargos e não o programa de governo.
Por mais que a gênese do “centrão” possa ser atribuída à Constituinte, o que se conhece por Centrão hoje, é melhor percebido na eleição do ex-deputado Severino Cavalcanti para a presidência da Câmara Federal.
À época, a imprensa adotou o termo “baixo clero”, grupo silencioso da Câmara porém numericamente relevante. Senadores dessa força unidos, pressionaram por espaços e verbas, pontua Pedroso.
Apesar de já ter esse grupo atuando com Sarney, Collor, Fernando Henrique, Lula, Dilma, Temer e agora Bolsonaro, o “centrão” atinge seu ápice de força, depois da chegada de Eduardo Cunha ao poder.
Retornando agora ao comando da Casa o mesmo grupo, com Arthur Lira. Um grupo forte, com aproximadamente 170-230 deputados, conforme a votação de sua eleição. Não formalizados por uma frente, identifica-se sua presença nas votações para o comando das Casas legislativas ou na pressão para ocupar ministérios.
Compartilhar o poder é positivo. Não se pode degenerar o Presidencialismo de Coalizão em governo de cooptação, sem compromisso com o programa de Governo para o qual foi eleito.
Nisso houve convergência de entendimento com o cientista político Jeulliano Pedroro.
Por Juraci Barbosa Sobrinho
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