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Paraná Empreendedor

AINDA RUI BARBOSA E O BRASIL

“Sempre avisados, mas nunca prevenidos, tais em 1907 quais em 1641, tais no século 20, quais no século 17”. …tais como hoje.

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Com o eco da Semana da Pátria, para que o leitor não seja empurrado ao maniqueísmo das análises rasas dos tempos atuais, continuo trazendo retalhos das manifestações de Rui Barbosa em suas Conferências, há um século.

Desta feita, tendo como pano de fundo a odisséia de Oswaldo Cruz, no combate à malária, em buscar reconhecimento às suas pesquisas, para contribuir com a saúde da população.

Em Conferência pronunciada em 28 de maio de 1917 [publicada pela editora Organização Simões- Rio 1953], Rui Barbosa homenageia Oswaldo Cruz denominando-o “O patriota”, …”nesse coração, aparentemente absorvido no amor da ciência e no amor da humanidade, não era menos vibrátil a fibra do civismo. Sua visão não se estreitava no círculo visual do microscópio. Sentia a relação necessária  entre os interesses da ciência, na sua autoridade, na sua sinceridade, na sua utilidade, e na observância dos princípios da ordem social. Amando a pátria, a liberdade, não perdia de vista os negócios do país: antes os seguia com o discernimento, o zelo e as emoções de uma consciência desinteressada.”

Assegura Rui Barbosa, “…sempre avisados mas nunca prevenidos: o Brasil é um país de negligência e de esquecimento. Pouca memória, menos atenção e nenhum cuidado. Parece que o achaque nos vem de nascença, e já vagia conosco no berço; pois há mais de 250 anos [hj, 350], pregando no Colégio da Bahia, dava rebate o Padre Vieira desta mazela como velha e incorrigível na terra, comparando os nossos desastres, pelo costume de não fazermos conta dos avisos, aos de Tróia e Sodoma. …Eternamente descuidados, eternamente surdos a todos os avisos. Eternamente desgostosos dos avisadores. Desleixo, imprevidência, volubilidade. Não aprendemos do passado, não nos incomodamos com o presente, não cogitamos no futuro. Assim vamos vivendo e medrando como vive a medra a nossa natureza, despreocupada na inconsistência das coisas. Do imprevisto nos gozamos, embalando-nos nas suas surpresas… Mas, se por terras nossas ressoasse o clangor do bronze inimigo, não nos encontraria mais apercebidos hoje do que ao tempo, em que os nossos maiores recolhiam a safra dos canaviais, e moinhos de cana, enquanto as frotas de Holanda nos ameaçava a costa. Sempre avisados, mas nunca prevenidos, tais em 1907 quais em 1641, tais no século 20, quais no século 17”.

E eu acrescento, tais como hoje.

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