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Entrevista

Diretor do HRL fala sobre estrutura para atender pacientes com Covid-19

Local é referência no atendimento a moradores no litoral (Foto: Divulgação)

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O Hospital Regional do Litoral (HRL) é a referência em atendimentos a Covid-19 para os sete municípios da região, que possui cerca de 350 mil moradores. Desde quando começou a surgir as primeiras notícias do novo Coronavírus pelo mundo, o HRL, em um trabalho conjunto com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), 1.ª Regional de Saúde e os municípios, começou a estruturar seu espaço.

Recentemente, foram confirmados os primeiros caso de Coronavírus no litoral, e com a notícia, os empresários locais da área portuária se mobilizaram e anunciaram doações que irão colaborar para fortalecer ainda mais a estrutura no Hospital.

O diretor do HRL, Giovani Souza, é quem explica as questões envolvendo o atendimento ao Coronavírus na região, além de tranquilizar a população através do relato de todos os esforços que têm sido aplicados para a proteção e cuidado dos pacientes. Confira:

Folha do Litoral News: Como o HRL se estruturou para receber pacientes com suspeita da Covid-19?

Giovani: Quando começou a surgir a pandemia do Coronavírus, o secretário de Saúde começou a reunir as regionais, os hospitais que eram referência no Estado para começar a organizar a estrutura. A partir disso, começamos a criar algumas estratégias, como estava desde agosto do ano passado nessa função, tinha uma visão, também já fui secretário de saúde duas vezes, por isso entendo bem o sistema tanto na área primária, como na secundária e terciária. Nós já estávamos integrados com a Regional de Saúde, conhecendo a estrutura da região, onde tem UPA, etc. O Estado definiu que o Hospital Regional seria um dos hospitais do Estado como referência de Coronavírus.  Me perguntaram sobre a condição que temos no hospital, tínhamos em nossa estrutura interna uma ala com uma taxa pequena de utilização, a da pediatria. Historicamente, essa ala ficava em torno de 25% de ocupação. Sabíamos que essa ala poderia ser melhor aproveitada para uma eventual necessidade. A ideia era utilizar para cirurgias eletivas e quando surgiu o Coronavírus comunicamos o Estado sobre essa ala.

Folha do Litoral News: Qual a vantagem do HRL para o atendimento à Covid-19?

Giovani: Quando esse hospital foi construído, em todos os leitos das enfermarias foram colocados sistemas de oxigênio e ar comprimido, isso possibilita colocar equipamento de UTI, que é o respirador, o monitor. Em outros hospitais, quando há enfermarias comuns, não há esse recurso. Isso é uma vantagem, temos 20 leitos onde podemos instalar equipamentos. Apresentamos isso ao Estado e, dependendo dos recursos que poderíamos ter em equipamento, teríamos como transformar inicialmente 10 leitos em cuidados avançados e 10 de cuidados intermediários.

Folha do Litoral News: Foi anunciada a doação por empresas portuárias de R$ 2,5 milhões para o HRL. Onde esse recurso será aplicado?

Giovani: Recebemos doações de empresários locais e estamos colocando em toda a estrutura do Pronto Socorro também o oxigênio e o ar comprimido. O projeto de engenharia já foi iniciado e vamos estar nos próximos dias com todo o Pronto Socorro para cuidar desses pacientes. Se tivermos uma situação mais complicada a frente, nosso Hospital já estará atuando nesse sentido. É uma segurança para a população porque isso mostra que tem toda a preparação para cuidar no caso de uma necessidade maior. Recebemos também recursos do Ministério Público do Trabalho e da Justiça Federal. Essas doações vão possibilitar uma infinidade de equipamentos para o nosso Hospital e alguns já estamos recebendo. Com o apoio que temos dos empresários, estamos conseguindo investir, terá um aparelho de Raio-x digital novo só para a ala  Coronavírus, assim como um de ecografia digital, compramos 30 monitores novos, isso tudo é um fato extraordinário para nós. O bom é que isso também deixará um legado. Quando passar o Coronavírus teremos um Hospital equipado para os próximos cinco anos com recursos para fazer um trabalho de cirurgia eletiva e outros cuidados na sequência.

Folha do Litoral News: Na capital há muitos mais casos confirmados que no litoral. Alguns pacientes podem ser transferidos para Paranaguá?

Giovani: Todos os hospitais estão integrados em uma rede. Nós fazemos parte dessa rede que atende todo o Estado. Curitiba já tem mais de 100 casos confirmados, o litoral tem poucos até agora, não sabemos ainda se o clima contribui para isso, pois estamos entendendo como esse vírus se comporta. Nada impede de caso houver necessidade de atender pacientes de outros municípios de darmos essa condição também, da mesma forma que se nós estivermos sobrecarregados, eles nos atenderiam. O compromisso inicial que temos com o Governo do Estado é que o Hospital Regional fica com a responsabilidade de atender os sete municípios do litoral. Dificilmente, vai haver necessidade de receber pacientes de outros locais, porque há o Hospital do Rocio que tem mil leitos, entre outros. A gente acredita que a 2.ª Regional de Saúde (responsável por Curitiba e região metropolitana) possa dar conta. Mas, pode ser que tenhamos 20 leitos com apenas dois ocupados e algum hospital precisando de ajuda para salvar uma vida.

Folha do Litoral News: O HRL possui EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) suficientes para os profissionais?

Giovani: A Sesa, por meio de uma determinação do Ministério da Saúde, intensificou o uso de EPIs em todos os setores do Hospital. Nós temos equipamentos para atender todo o hospital pelo menos para os próximos 15 dias para atender todos os pacientes e profissionais com segurança total, com uso de luva, máscara etc. nós temos, como regra de segurança, alguns empresários que vão disponibilizar se houver essa falta de algum EPI que possamos não ter devido a demanda. Nós entendemos que não corremos esse risco, porque temos visto que o Estado e a União não tem medido esforços para dar os primeiros cuidados aos servidores. Sabemos que tem alguns boatos de que não estamos fornecendo EPIs, mas isso não é verdade. Temos uma comissão especial que se reúne todos os dias as 9h, acompanhando as resoluções que falam sobre o uso dos EPIs.

Folha do Litoral News: Há a previsão de contratação de mais profissionais para reforçar o atendimento?

Giovani: Tivemos a autorização da Funeas e já fizemos o chamamento de enfermeiros e técnicos de enfermagem do PSS e também já está aberto no site da Funeas a contratação emergencial por RPA de enfermeiros. São mais 10 enfermeiros para a ala Coronavírus. Tivemos uma baixa perto de 50 funcionários que voltaram para a casa por atestados ou atendendo os casos do decreto que são as gestantes, funcionários com familiares em casa no grupo de risco, ou que está doente. Isso, obviamente, atrapalha um pouco, mas não podemos chamar novos funcionários efetivos porque aqueles vão voltar, mas temos que de alguma forma gerenciar essa questão.

Folha do Litoral News: Qual a mensagem que poderia deixar para a população do litoral neste momento?

Giovani: As pessoas precisam confiar que temos uma equipe de gestão técnica, uma infectologista dentro do Hospital, que é a nossa diretora técnica, uma equipe completa de especialistas, exames, medicamentos, todo o cuidado intermediário e intensivo. Muitas regiões do Brasil não têm isso. A estrutura que temos no litoral, juntamente com o Samu, se o paciente tiver qualquer complicação grave e precise do internamento, será prontamente recebido, terá os cuidados. Tudo que temos aqui não é comum em outros lugares do Brasil.

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