Natal 2020

Bispo de Paranaguá fala sobre esperança na celebração de Natal

“A celebração do Natal é um convite à esperança, esta realidade profundamente enraizada no coração humano”, destaca o bispo Edmar Peron

Bispo de Paranaguá fala sobre esperança na celebração de Natal

Bispo de Paranaguá fala sobre esperança na celebração de Natal

O significado do Natal é o nascimento de Jesus, uma data tradicionalmente festiva, de confraternização entre família e amigos, mas também um momento de cultivar a fraternidade, a justiça e a paz. Mas este ano, por conta da pandemia do novo Coronavírus, a humanidade está vivenciando momentos difíceis, com novas experiências e desafios, principalmente na área da saúde, pois a doença continua a assolar o País e o mundo.

Para entender este significado, a Folha do Litoral News conversou com o bispo da Diocese de Paranaguá, dom Edmar Peron, que falou da data, seu verdadeiro significado e de como as pessoas devem vivenciá-la. Ele também destacou os desafios enfrentados durante a pandemia e deixou uma mensagem à diocese. Confira:

Folha do Litoral News: O senhor poderia falar sobre o verdadeiro significado do Natal?

Dom Edmar Peron: Para nós, cristãos, não é possível falar do sentido do Natal sem uma referência explícita ao nascimento de Jesus. Torna-se, de fato, sem valor a festa do Natal se retirarmos do centro a pessoa de Jesus Cristo, sua mensagem e sua ação salvadora. Mas podemos, a partir desse centro que é Jesus, reconhecer que é Natal quando nós fazemos nascer ou renascer algo novo, bom e verdadeiro dentro de nós, como, por exemplo, a capacidade de superar a vingança pelos gestos de acolhida e de perdão. Tais gestos, ainda que não falem de Jesus Cristo concretizam o seu Evangelho, a Boa Nova que anunciou por ações e palavras.

Folha do Litoral News: Estamos vivendo um momento atípico com a pandemia da Covid-19, que nos forçou a diversas mudanças em nosso dia a dia. Como a Diocese de Paranaguá vem administrando este momento?

Dom Edmar Peron: A Diocese de Paranaguá inclui várias realidades: praias, porto, ilhas, serra. Assim, não é possível dar uma resposta única sendo a realidade tão diversa. Mas, houve – e continua a existir da parte de todas as paróquias, Santuários, reitoria e do Seminário Diocesano – um empenho sincero em assumir as indicações comuns, dadas pelas autoridades municipais e estaduais, principalmente pelos órgãos sanitários, a fim de conter a proliferação da Covid-19: os cuidados com a higiene nas igrejas, o distanciamento social, o uso de máscara durante as celebrações, a adoção do álcool em gel. Por vários meses, sequer celebrávamos a missa com a possibilidade de as comunidades se reunirem; havia somente uma equipe com as pessoas necessárias para realizar o rito com dignidade e transmitir on-line. Quantos coordenadores de grupo aprenderam a usar a tecnologia a favor da evangelização, particularmente os catequistas. Assim, por diferentes meios, as paróquias com seus padres e os agentes de pastoral, os religiosos e os seminaristas, foram criativamente buscando novas possibilidades de evangelizar. Em muitos lugares houve uma organização especial para socorrer os mais pobres e necessitados.

Folha do Litoral News: Como devemos vivenciar o Natal nos dias atuais?

Dom Edmar Peron: Penso que a realidade em que nos encontramos neste ano requer a celebração do Natal de modo mais recolhido e familiar, ao menos em pequenos grupos. Sei o quanto isso é exigente para nós, marcados por um espírito muito festivo, que está sempre encontrando motivos para fazer festa. E, claro, o Natal e a virada do Ano, o verão e as praias são um convite a expandir alegria, a sair de casa. Porém, estamos em um momento que requer empenho de todos: é preciso conter-se e se recolher, fazer a experiência de celebrar o Natal de maneira mais familiar e, por que não, mais solidária. Gastaremos menos, poderemos ajudar mais.

Folha do Litoral News: Na sua visão a pandemia está fazendo com que se repense o sentido da existência?

Dom Edmar Peron: Eu acredito que tem muita gente repensando o sentido da própria vida, o modo como vivia e qual estilo de vida deseja levar daqui para frente, quais relações que são importantes e merecem ser cultivadas. Porém, para muitos, a expectativa seria apenas de aguardar uma retomada do que era antes. É como se nós pudéssemos simplesmente concluir um período difícil de pandemia e, não tendo sido afetados, voltar ao velho normal, com os mesmos critérios de vida, a mesma maneira de se relacionar, o mesmo modo de pensar e de se viver em sociedade. É como se antes da pandemia tudo estivesse dando certo e, assim que for possível, voltaremos àquela normalidade.

Folha do Litoral News: Como a sociedade pode  contribuir com um mundo mais justo e fraterno?

Dom Edmar Peron: Em primeiro lugar, é preciso aceitar que fomos todos marcados pela pandemia, marcados emocionalmente pelas mortes, pelas inseguranças e os medos, marcados economicamente porque muitos perderam emprego, empobreceram, não sabem como vão sobreviver com suas famílias; tudo isso afeta a sociedade. Reconhecendo que entramos juntos na pandemia é preciso aceitar que só sairemos dela conjuntamente, só conseguiremos construir relações mais justas e fraternas se olharmos o todo e não cada um tentando se recuperar sozinho. Portanto, é necessário que a sociedade como um todo, governo e cidadãos, faça um grande esforço para recuperar o sentido de “bem público” como “bem comum”, a serviço do bem de todos, da dignidade de todos, da saúde de todos e assim por diante. Aqui entra a importância das associações e conselhos, por exemplo, para pensar um bairro e uma cidade para todos. Assumindo esse caminho conjunto eu creio que nossas relações poderão ser mais justas e fraternas. Isso não descarta a necessidade de cada pessoa ser honesta e verdadeira nas suas relações e nos seus pequenos negócios.

Folha do Litoral News: Qual mensagem o senhor deixa à população neste Natal?

Dom Edmar Peron: A celebração do Natal é um convite à esperança, esta realidade profundamente enraizada no coração humano e que se mantém em todas as circunstâncias e concretas da vida e apesar delas. Ela revela o melhor que existe no coração humano; o que é grande, verdadeiro, bondoso, belo, justo, amável. E, como afirma o Papa Francisco: “A esperança é ousada, sabe olhar para além das comodidades pessoais, das pequenas seguranças e compensações que reduzem o horizonte, para se abrir aos grandes ideais que tornam a vida mais bela e digna”. Feliz Natal a todos! Caminhemos na esperança!

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