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Semeando Esperança

Domingo de Ramos 2021

Semana Santa: Bendito o que vem em nome do Senhor!

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O Domingo de Ramos da Paixão do Senhor revela que a Quaresma está por terminar e se aproximam aqueles dias sagrados do Tríduo Pascal. A quaresma, de fato, é concluída com as celebrações do entardecer da Quinta-feira Santa: a Oração da Tarde e a Missa da Ceia do Senhor abrem o Tríduo mais importante de todo o ano litúrgico, chamado por Santo Agostinho de “tríduo do crucificado, do sepultado e do ressuscitado”. Muitas são as orações desses dias, mas somente três, os mistérios, ou seja, a morte, a sepultura e a ressurreição de Jesus. Esses três mistérios de nossa salvação envolvem a Sexta-feira Santa (o dia do Crucificado), o Sábado Santo (o dia do Sepultado) e o Domingo de Páscoa, desde a Vigília Pascal até a tarde do domingo (o dia do Ressuscitado).

E o Domingo de Ramos? Ele, o último Domingo do Tempo da Quaresma, tem a função de ser “porta” de entrada para a Semana Santa. Nele estão presentes e profundamente unidas duas antiquíssimas tradições: a dos Ramos e a da Paixão do Senhor. As comunidades cristãs de Jerusalém, desde antes do século 4º, iniciavam esta Semana fazendo memória da entrada de Jesus na Cidade Santa, ouvindo o Evangelho correspondente a esse momento da salvação e realizando uma grande e festiva procissão, que se iniciava no Monte das Oliveiras. Todos, inclusive as crianças que não podiam caminhar, levavam nas mãos palmas ou ramos de oliveira, acompanhando o seu Bispo, como acompanharam o Senhor naquele dia. Com o passar dos séculos, essa tradição foi assumida pelas comunidades de Roma, onde a grande Semana tinha início com a reunião das comunidades com seu Bispo, o Papa, para ouvir na íntegra a austera leitura da Paixão do Senhor.

Ramos e Paixão. Alegria e dor. Acolhida e rejeição. Atitudes que se contradizem mutuamente, mas presentes no coração das multidões. Uns aclamam Jesus: “Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor” (Mc 1,9). Outros o rejeitam, gritando: “Crucifica-o!” (Mc 15,13). Jesus entra em Jerusalém como rei pacífico, montado em um jumento. Carregando a cruz e coroado de espinho, é conduzido para fora da cidade e crucificado. Sobre a cruz, havia uma inscrição, indicando o motivo de sua condenação: “O rei dos judeus”.

Estas incoerências, talvez suscitem em nós, indignação. Contudo, permanecem, ainda hoje, em nossos corações quando, corajosa e valentemente seguimos a Cristo, ou, desapontados e sem convicção, rejeitamos o Salvador e seu Evangelho. Assim, a Quaresma está chegando ao final, mas a necessidade de conversão permanece uma exigência cotidiana.

Também este ano, alegrias e dores se misturam em nossas vidas e na vida de nossa nação. A pandemia mostra-se viva e ataca-nos violentamente. Mas, como Abraão, esperamos contra toda esperança e permanecemos firmes, “pois acreditamos naquele que ressuscitou dos mortos, Jesus nosso Salvador, o qual foi entregue à morte pelos nossos pecados e foi ressuscitado para nos tornar justos” (Rm 4,18-25). E, na porta de nossas casas ou numa de suas janelas, fixemos um ramo verde, sinal de nossa esperança viva.

Por Dom Edmar Peron, Bispo de Paranaguá

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