Os professores Daron Acemoglu (MIT) e James Robinson (Harvard) pesquisaram por 15 anos, em cinco continentes, sobre as origens do poder, da prosperidade e da pobreza, e publicaram “Por Que As Nações Fracassam”. Tomo a liberdade de destacar um trecho neste momento de grandes eventos que impactam a economia e fragilizam a geopolítica. Notadamente no Brasil, com a proximidade das eleições, o pêndulo da América Latina, tendendo à esquerda, empurrado por ventos progressistas, Ucrânia em Guerra, pandemia.
Para os autores, o elemento central é a ligação entre as instituições econômicas e “políticas inclusivas” de prosperidade, que criam condições igualitárias para todos e incentivam investimentos em novas tecnologias e competências. Estas proporcionam maiores chances de conduzir ao crescimento econômico do que “políticas extrativistas”, que são estruturadas de modo a extrair recursos de muitos e mostram-se incapazes de proteger os direitos de propriedade ou fornecer incentivos para a atividade econômica.
As primeiras, sustentadas por suas contrapartes políticas, promovem ampla distribuição do poder político de maneira pluralista e conseguem alcançar algum grau de centralização política, com sustentação, de modo a estabelecer a lei e a ordem, fundamentos de direitos de propriedade e de uma economia de mercado inclusiva.
As extrativistas, ligadas às suas equivalentes políticas, concentram poder nas mãos de poucos, que mantêm e desenvolvem instituições econômicas extrativistas em benefício próprio e usam os recursos obtidos para consolidar o controle do poder político.
As sinergias entre as instituições econômicas e políticas extrativistas criam um círculo vicioso. Instituições extrativistas, uma vez instauradas, tendem a persistir. Analogamente, há um círculo virtuoso associado às instituições econômicas e políticas inclusivas.
Versam os autores que as mudanças institucionais significativas, pré-requisitos para mudanças econômicas significativas, são resultados da interação entre instituições existentes e circunstâncias críticas. Isto é, eventos de magnitude que rompem o equilíbrio político e econômico existente em uma ou mais sociedades.
Foi o caso da peste negra, que reduziu a população europeia, no século XIV; da abertura das rotas comerciais atlânticas e os lucros que gerou na Europa Ocidental; e da Revolução Industrial, que acelerou as mudanças na estrutura das economias.
Os poderosos e o restante da sociedade podem divergir quanto a quais instituições devem permanecer e quais a ser modificadas. Sem consenso, as regras que acabam regendo cada sociedade são definidas pelas políticas: quem detém o poder e como ele pode ser exercido. Os efeitos são o sucesso e o fracasso das nações.
*Fonte: Why Nations Fail – de Daron Acemoglu e James Robinson