Em café virtual, tive a grata surpresa de ouvir a professora Ednéia Cavalieri, do Departamento de Patologia Básica da UFPR, Doutora em Microbiologia, Parasitologia e Patologia.
Ela conta que a pandemia decretada pela Organização Mundial da Saúde – OMS, em março de 2020, demonstrou uma série de fragilidades nos sistemas político, econômico e de saúde mundial. E que até o momento não existe terapia comprovada que neutralize os efeitos do vírus. Apesar dos esforços na compreensão da doença, há inúmeros pontos obscuros sobre a imunopatologia, com diferentes gravidades entre indivíduos. Ela atesta que a vacinação é a melhor arma.
Conforme a OMS, o Brasil é o país que menos testa pessoas em proporção à população, comparado com EUA e Índia. Os problemas são conhecidos: extensão territorial, escassez de testes disponíveis a um baixo custo. O teste denominado de “padrão ouro” é o mais confiável, porém não há equipamentos adequados e nem técnicos capacitados para cobrir todo o território.
Ao buscar ferramentas para diagnóstico e tomada de decisão médica, que possam dirimir gargalos nesta situação, a UFPR desenvolveu testes com alta sensibilidade, que podem contribuir na avaliação de pacientes que apresentam titulação de anticorpos.
O teste identifica anticorpos contra a proteína “N” de pacientes infectados pelo SARS-CoV-2, causador da Covid-19, por meio de pequenas quantidades de sangue ou plasma. É um teste colorimétrico, com reagentes de produção fácil, rápida, padronizada e com resultado em minutos de mais de 95% de sensibilidade e especificidade, relata a professora.
Há possibilidade de esse kit ser usado por profissionais em Unidades Básicas de Saúde ou de Pronto Atendimento, para diagnóstico ou seleção inicial de pacientes, ao custo médio de R $10,00 por amostra. Os reagentes necessários são encontrados no mercado nacional, o que facilita a implementação.
Pendente de parcerias para obtenção das proteínas recombinantes adsorvidas e da validação do teste junto à Anvisa, o produto poderia estar pronto para comercialização. Porém, faltam indústrias para produzi-lo.
Pesquisa, inovação e desenvolvimento é o caminho para deixarmos de ser dependentes no trato da saúde da população. Não temos seguido esse caminho.
Por Juraci Barbosa Sobrinho
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