Todos podem ser empreendedores naquilo que fazem, seja na vida pessoal ou em qualquer profissão ou setor de atividade. Um exemplo fenomenal de empreendedorismo no setor público vem do engenheiro civil e ambientalista Nicolau Klüppel.
Dia desses ao caminhar no parque Barigui, em Curitiba, parei para ver a pequena Central Geradora Hidrelétrica doada à prefeitura pela Associação Brasileira de Pequenas Centrais Hidrelétricas (ABRAPCH) e que em uma justíssima homenagem recebeu o nome de Nicolau Klüppel.
Ambientalista, o engenheiro civil Klüppel, por muitos anos um dos técnicos do respeitado Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba – IPPUC. Foi um dos principais coadjuvantes do processo iniciado na década de 1970, com o arquiteto, ex-prefeito e ex-governador Jaime Lerner, que acabaria por permitir a Curitiba se dar o título de capital ecológica, com seus muitos parques e áreas verdes.
Klüppel tinha uma visão ímpar. Foi um dos idealizadores e defensor da política de preservação de fundos de vale que transformaria em parque aquele trecho da várzea do rio Barigüi e vários outros. A solução resolveu dois dramas da capital: as ocupações irregulares de áreas ribeirinhas e os alagamentos que afligem essas comunidades.
O aproveitamento do público como espaço de convivência e lazer levou à implantação de benfeitorias diversas que transformaram o Barigui em um dos parques preferidos e mais frequentados pelo curitibano, com sua paisagem tranquilizante e sua fauna peculiar.
Klüppel gostava de proteger os rios em seus leitos naturais, não canalizados. O próprio Barigui foi salvo por Klüppel de ser canalizado em uma caixa de concreto. Hoje, quando uma chuva mais forte tira o rio da caixa, alagando parte do parque por algumas horas, sabemos que é o parque protegendo famílias da água que entraria em suas casas rio abaixo.
Também teve um toque dele um projeto sensacional que mudou a gestão de resíduos na capital a partir da separação do lixo reciclável. O Lixo Que Não É Lixo, premiado pela ONU, nasceu da referência que Klüppel trouxe da infância, em Ponta Grossa, com a mãe, D. Frida, que reaproveitava todo tipo de materiais.
Klüppel não entrou para a política, mesmo ocupando cargos públicos. Não foi empresário. Mas é um exemplo de empreendedor. Empreendedor porque foi um grande transformador, que tirou do papel ideias que marcaram a trajetória e o destino de uma cidade em evolução.
Por Juraci Barbosa Sobrinho
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