Uma colônia instalada em Antonina, no início do século passado, é o primeiro registro da presença de imigrantes japoneses no Paraná. Um século depois, seus descendentes participam ativamente do desenvolvimento do Paraná em todas as áreas.
A contribuição da imigração japonesa se manifesta em todas as áreas do desenvolvimento do Paraná, da cultura ao agronegócio, no comércio, nas profissões liberais.
O médico Rui Hara conta sobre a chegada de sua família ao litoral, com os primeiros grupos de japoneses que vieram para trabalhar no Brasil, a partir de 1908, com o navio Kasato Maru.
Em 1916, o então prefeito de Antonina, Heitor Soares, para desenvolver a agricultura, começou a atrair esses imigrantes. Os irmãos Jingoro e Missaku Hara e Mokichi Yassumoto compraram áreas em Antonina e trouxeram outros japoneses para trabalhar.
A formação da Colônia Cacatu (Kakatzu Shokuminchi) sofreu percalços. Problemas de saúde, maleita, morcegos, ausência de assistência médica, dificuldade de comunicação, moradias precárias (de pau-a-pique e chão de terra batida). Para sobreviver, forneciam lenha para os Matarazzo em Antonina. Todos trabalhavam. Homens derrubando árvores, mulheres e crianças carregando até a margem do rio Cacatu, para transportar de barco a remo, até Antonina.
O solo não era muito propício ao cultivo de arroz. Passaram a plantar também banana e cana-de-açúcar para fabricar cachaça. Chegaram novos imigrantes e em 1926 já havia uma escola e uma professora para alfabetizar as crianças.
Em 1935 já havia uma edificação de dois andares, para a destilaria de aguardente e a máquina de beneficiamento de arroz. As marcas Hinodê e Cacatu eram vendidas até em Curitiba.
Com capela, armazém de secos e molhados, escola rural, várias casas e escola primária com o ensino da língua japonesa, Cacatu passou a ter aspecto de bairro e mantinha as tradições da pátria-mãe.
Com o Estado Novo no Brasil e a II Guerra Mundial, os japoneses sofreram preconceito. Foram perseguidos, agredidos, até presos. Tiveram o comércio saqueado e destruído. Abandonaram as propriedades e foram retirados do litoral. Algumas famílias permaneceram em Curitiba após a guerra.
Na década de 50 o pioneiro Tokio Ito comprou terras em Cacatu para plantar arroz. Vendeu-as em 1988. Márcia Ito, uma neta que foi trabalhar no Japão, acumulou dinheiro e conseguiu recomprar as terras anos depois. Hoje ela se dedica à preservação da história e tradição da Colônia Cacatu, um marco para o Paraná.
Por Juraci Barbosa Sobrinho
*Colaboração de Maria Helena Uyeda
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