Tenho pontuado aqui que poucos conhecem a história do Paraná. O livro “Euclides Scalco – O Homem, Seu Tempo e Sua História”, do jornalista Marcos Bastiani, traz um pouco dessa história, na qual ainda jovem, Scalco teve grande participação.
A Revolta dos Colonos, ou Revolta dos Posseiros do Sudoeste do Paraná (1957) — “…nascido no Rio Grande do Sul, Euclides Scalco adotou o Sudoeste paranaense como seu novo lar no final dos anos 1950 e em especial a cidade de Francisco Beltrão…”— foi um levante contra a atuação de companhias colonizadoras que vendiam terras naquela região. Os colonos, que ocupavam as glebas havia muitos anos, de modo não formal, sem titulação, se insurgiram contra as colonizadoras, que ameaçavam famílias usando capangas, na tentativa de desalojá-los das terras, em típica atuação de grilagem. Neste episódio, liderados entre outros pelo médico Walter Pecóits, em 10 de outubro de 1957, famílias de colonos tomaram a praça central de Francisco Beltrão para protestar. Ocorreram embates com forças policiais. Recorde-se que Francisco Beltrão recém emancipada de Clevelândia, em 1953, era um amontoado de famílias gaúchas que desde os anos 30 estavam espalhadas em todo o Sudoeste paranaense. As tensões pelo uso e ocupação das terras foram componentes que permearam a vida de todos egressos do Rio Grande do Sul e culminaram com episódios de insegurança e até confrontos com morte.”
“A insurgência dos colonos teve forte componente político, que culminou na eleição de Dr. Walter como prefeito e Scalco vereador — o mais votado em F. Beltrão — em 1960.
Após esse movimento, foi criado no Paraná o Grupo Executivo das Terras do Sudoeste do Paraná – GETSOP, vinculado à Presidência da República. Deni Schwartz foi nomeado no GETSOP para demarcar as propriedades da forma como os colonos as ocupavam, sem interferir nas divisas e limites, mantendo-as conforme haviam se estabelecido. A tarefa ocorreu sem entraves e a transição foi pacífica e ordeira.”
Isso tudo se iniciou na campanha presidencial de 1960, quando Jânio Quadros prometeu que, se fosse eleito, desapropriaria as terras que eram motivo de conflitos e as daria a quem as estivesse ocupando. De fato, três meses após empossado, cumpriu a promessa.
Por Juraci Barbosa Sobrinho.
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