Em 1941, apesar do avanço da sociedade, Paranaguá e Antonina ainda travavam a mais antiga das batalhas entre as duas localidades: o valor dos fretes. Muito antes da instalação da província em 1853, as elites parnanguara e antoninense já disputavam a predominância do comércio marítimo ao sul do Império e a briga acirrou com a criação do Paraná como região autônoma de São Paulo. O valor do frete entre planalto e litoral era a questão mais importante, pois o lucro do comércio dependia disto. Partindo de Paranaguá em barcos a vela, no porto de Barreiros as mercadorias eram transferidas para carroças (que enfrentavam a péssima estrada de terra) ou a embarcações menores que subiam pelo Rio Nhundiaquara. Após Morretes e Porto de Cima, o transporte continuava com mulas ou escravos por picadas serra acima.
Os Conservadores de Paranaguá, liderados por Manoel Antônio Guimarães – futuro Visconde de Nacar – enfrentaram os Liberais de Antonina nas seguintes disputas: qual picada viraria estrada entre planalto e litoral; onde deveria se estabelecer a Alfândega; qual seria o melhor ponto de partida para a ferrovia. Antonina venceu a primeira, ganhando a Estrada da Graciosa, mas os Conservadores conseguiram manter a Alfândega na cidade. Além disso, ao final de uma longa batalha e criação do Porto Dom Pedro II, o ponto de partida da Estrada de Ferro ficou em Paranaguá.
Mais de 50 anos após a inauguração da ferrovia, o governo novamente igualava os fretes entre Morretes e as duas cidades, trazendo à tona a antiga rivalidade mais uma vez. A decisão gerou críticas, mas os interesses gerais seriam maiores que os locais e se o porto antoninense era mais perto do planalto, o parnanguara ficava mais próximo dos outros portos do país.
Alexandre Camargo de Sant’Ana
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