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O Retorno

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O Retorno

Caetano Munhoz da Rocha, primeiro prefeito sem origem militar e conexão com o regime anterior (ao governo imperial), era médico e governou a partir da ideologia modernista, fundamentada na razão e na ciência em busca de uma sociedade limpa, saudável e organizada. Privatizou e melhorou o sistema de eletricidade com a usina hidrelétrica na serra, mas isso iniciou uma relação de abuso de poder entre a poderosa empresa de eletricidade protegida pelo contrato e a população. Também implantou a água potável encanada, o sistema de esgotos e buscou acabar com áreas pantanosas, poças, banhados, mato e lixo nas ruas e residências. Além de agir sobre os espaços físicos a partir do conceito de ordem, o governo acreditava ser possível padronizar os indivíduos e seus comportamentos da mesma forma. Era uma época de crença na formação de cidadãos honrados, saudáveis, patriotas e totalmente obedientes aos poderes estabelecidos a partir da educação e atividades físicas: escolas e esportes seriam o caminho para livrar as crianças e adultos da vagabundagem e dos perigos das ruas.

Por modernizar Paranaguá, Caetano recebeu da elite parnanguara uma homenagem duplamente rara: não apenas ganhou uma estátua de corpo inteiro em frente ao prédio da estação ferroviária, como recebeu a homenagem em vida. Pouco importava que algum defensor da revolução de 30 tivesse derrubado o monumento e deixado no local apenas um pedestal vazio por anos, pois agora a justiça prevaleceria com o retorno da estátua ao lugar de direito.

Na manhã 01 de novembro de 1939, uma salva de 21 tiros acordou a população anunciando o importante evento daquele dia. Atraída pelos foguetes, “Grande massa popular” rumou à Avenida Arthur de Abreu e encontrou a estátua de Caetano em seu pedestal todo enfeitado de flores.

Por Alexandre Camargo de Sant’Ana

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