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Alexandre Camargo de Sant’Ana

Antes de iniciar a série sobre o Relógio de Sol, eu discutia a chegada da Modernidade em Paranaguá. Analisando o futebol, busquei mostrar choque entre um velho mundo que precisava ser deixado para trás e o novo mundo projetado pelas elites dominantes. O surgimento do esporte expõe os discursos normativos que buscavam alterar hábitos dos cidadãos e impunham modelos de comportamento. Para reintegrar os indivíduos resistentes, sempre havia a legislação e a polícia. 

Além do futebol, a instalação da água encanada e as mudanças no carnaval permitem ampliar ainda mais a observação e o entendimento da chegada da modernidade. Apesar de fenômenos aparentemente sem nenhuma relação, os três evidenciam as ações das autoridades e dos formadores de opinião almejando uma sociedade mais limpa e organizada, com cidadãos obedientes através de convencimento e da repressão policial. A água encanada, o carnaval e o futebol fazem parte de um mesmo processo de transformação social e trazem à tona a estratégia de normatização utilizada pelas elites locais. Havia conceitos de normal e anormal direcionando o movimento das autoridades e fornecendo argumentos às críticas dos formadores de opinião. Para garantir o sucesso daquele projeto de sociedade, criaram-se normas e regulamentos definindo especificamente os tipos de cidadão desejados e indesejados. 

Ao finalizar a análise sobre o futebol, prometi usar outro objeto de estudo para continuar observando a chegada da modernidade em Paranaguá e sua estratégia de padronização. Deste modo, nos próximos artigos discutirei como agiam os discursos normativos em relação às mulheres parnanguaras naquela época. Mais especificamente, analisarei o choque entre o modelo de mulher (imposto de cima para baixo pelos poderes dominantes) e as mulheres reais (inseridas em contextos sociais que as impediam de seguirem o padrão imposto, mesmo se desejassem).   

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