Quantos atletas vemos disputando, competindo? Quantos ganham medalhas? Normalmente, porém, desconhecemos os milhares que treinam e, infelizmente, esquecemos inclusive os que competiram e não subiram ao pódio. Treino, disciplina, competição. Digo isso para recordar que a vida de todos nós é uma experiência de perseverar nos treinos e competições cotidianos e, normalmente, sem nenhum reconhecimento público; às vezes, sem reconhecimento algum. Tal perseverança, porém, nos torna vencedores a cada dia.
Pai e mãe dedicados ao amor entre eles e a fazer crescer seus filhos. Médicos e enfermeiros que cuidam com amor dos doentes, sem que ninguém esteja por perto, acompanhando-os. Padres que perseveram no cuidado das pessoas de suas comunidades e conhecem suas dores e com elas padecem, longe dos holofotes dos palcos ou da satisfação de ter milhares de seguidores nas redes sociais. Homens e mulheres que a cada dia sofrem para manter o emprego e garantir o seu sustento e o de suas famílias. Vidas entregues por amor, vivendo como atletas a própria vocação e profissão. Escolhem cada dia a vida!
Isto também é Páscoa. Para celebrar a Páscoa de Jesus, acompanhamos seus passos: a sua entrada em Jerusalém, montado em um burrinho emprestado; o jantar em Betânia, na casa dos amigos Marta, Maria e Lázaro; o anúncio da traição de Judas e da negação de Pedro; o lava-pés, na última Ceia; a oração e a agonia no Horto das Oliveiras; a prisão, as torturas e a condenação; o caminho do Calvário, carregando a cruz de nossa libertação; a crucifixão, a morte, a sepultura e a ressurreição. Um caminho pascal de acolhida e de rejeição, mas iluminado pela fidelidade e pelo amor de Jesus e do Pai. Jesus escolheu dar a própria vida, “amando até o fim”, até a morte na cruz, seguida de sua sepultura. E o Pai manifestou todo o seu amor e fidelidade ressuscitando-o dentre os mortos.
Os dias difíceis deste tempo de pandemia – com suas ondas que vão e vêm, com notícias desencontradas, com projetos que não se concretizam, com políticas públicas que se tornam politicagem, com a ganância de uns pondo em risco a vida de milhões, com vacinação lenta, com empobrecimento da população, com gritos de dor e lamentos… – também passarão. A vida triunfará, mas precisa que seja escolhida e defendida a cada momento, pela população em geral e por suas lideranças políticas e religiosas. Não conheceremos os nomes de todos os atletas, mas chegaremos ao final da corrida pela dedicação de cada um deles. Homens e mulheres que, como Jesus, carregaram as próprias cruzes, e que, a exemplo do Cirineu, ajudaram seus irmãos a carregarem as cruzes deles. Homens e mulheres movidos pela sede de salvar vidas e que se tornam, em seu conjunto, sinais de esperança para a humanidade.
Aos milhares de irmãos e irmãs que perderam as pessoas amadas, mortas pela covid-19, nossa oração fraterna e solidariedade.
Desejo a todos a graça da perseverança na competição da vida e, por isso, uma Santa Páscoa!
“Deus ressuscitou a Jesus. E todos nós somos testemunhas disso” (At 2,32).
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