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Semeando Esperança

“A morte é um dia que vale a pena viver”

Na espiritualidade, melhor, na fé cristã – sem nenhum menosprezo a nenhuma outra crença –, a Ressurreição de Cristo e a nossa são elementos fundamentais

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vale a pena viver

A Comemoração de todos os fiéis defuntos, no dia 2 de novembro, é uma boa oportunidade para refletir sobre a realidade da morte e, acima de tudo, sobre a ressurreição. É uma reflexão necessária neste ano tão singular, em que a morte tem sido apresentada como números de uma estatística, decorrentes do avanço do novo Coronavírus. Essa frieza de quantificar as mortes sem considerar nelas a experiência humana de sofrimento, dor e solidão parece algo desumano. É preciso considerar e sofrer com as pessoas e famílias. O sofrimento delas é singular, irrepetível e jamais numérica. As pessoas doentes e suas famílias precisam de cada dia mais de cuidados. Isso é apresentado com clareza pela Dra. Ana Claudia Quintana Arantes, de quem tomei a afirmação: “A morte é um dia que vale a pena viver”. Para se alcançar tal compreensão, medicina e espiritualidade precisam caminhar de mãos dadas.

Na espiritualidade, melhor, na fé cristã – sem nenhum menosprezo a nenhuma outra crença –, a Ressurreição de Cristo e a nossa são elementos fundamentais. Elas estão contidas no Creio, que é a profissão da nossa fé em Deus Pai, Filho e Espírito Santo, e na sua ação criadora, salvadora e santificadora. O Catecismo da Igreja Católica, ao comentar o Creio, retoma a Bíblia: “Nós cremos e esperamos firmemente que, tal como Cristo ressuscitou verdadeiramente dos mortos e vive para sempre, assim também os justos, depois da morte, viverão para sempre com Cristo ressuscitado, e que ele os ressuscitará no último dia (Jo 6,39-40)”. Assim como a ressurreição de Cristo foi obra da Santíssima Trindade, também a nossa ressurreição o será: “Se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus de entre os mortos habita em vós, ele, que ressuscitou Cristo Jesus de entre os mortos, também dará vida aos vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que habita em vós (Rm 8, 11)”. Essa compreensão acompanha a Igreja desde os primeiros séculos, como afirma Tertuliano, leigo norte-africano, que morreu por volta do ano 220: “A confiança dos Cristãos é a ressurreição dos mortos; crendo nela, somos cristãos”. Jesus ensinou que a ressurreição se assenta na fé em Deus (que “não é um Deus de mortos, mas de vivos” – Mc 12,27), e une “a fé na ressurreição à sua própria pessoa: ‘Eu sou a Ressurreição e a Vida’ (Jo 11,25). […] A esperança cristã na ressurreição é toda marcada pelos encontros com Cristo ressuscitado. Nós ressuscitaremos como ele, com ele e por ele” (Catecismo, 995).

Alcançamos a ressurreição definitiva passando pela morte. Mas, “graças a Cristo, a morte cristã tem um sentido positivo. ‘Para mim, viver é Cristo e morrer é lucro’ (Fl 1, 21). A novidade essencial da morte cristã está nisto: pelo Batismo, o cristão sacramentalmente já ‘morreu com Cristo’ para viver uma vida nova” (Rm 6,1-11), diz o Catecismo, n.º 1010.

Para concluir, dou voz a Santo Inácio de Antioquia, discípulo de São João Evangelista: “É bom para mim morrer em Cristo Jesus, mais do que reinar dum extremo ao outro da terra. É a ele que eu procuro, ele que morreu por nós; é a ele que eu quero, ele que ressuscitou para nós”. 

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