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Parnanguara surdo participa de seletiva de principal Campeonato Mundial de Breaking

Na cidade existe a primeira escola de breaking para alunos surdos

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Foto: Alysson Skyller

No dia 25 de setembro, Curitiba recebeu uma seletiva do Red Bull BC One, evento que conectou os mais talentosos dançarinos de breaking do país. Os 16 b-boys e 16 b-girls que se destacarem nesta primeira fase se enfrentarão na Final Nacional visando à uma vaga por categoria na etapa Mundial do evento, que ocorre na Polônia, em novembro.

Em Paranaguá, há a primeira escola de breaking para alunos surdos e também ouvintes no Brasil. As aulas são ministradas pelo professor Fabrício Fonseca, que há seis anos vem realizando atividades neste segmento. Seus alunos surdos Robert de Souza Bahia, de Paranaguá, e Felipe Ribeiro Andrade, de Santa Catarina, estiveram participando do evento e ao final receberam certificado pela atuação na seletiva. 

O professor Fabrício comentou deste fato inédito, onde seus alunos foram os primeiros surdos do Brasil a estarem em uma seletiva neste nível de competição. “O Robert de Souza Bahia iniciou comigo em 2017 quando eu estava iniciando o trabalho científico da graduação em Educação Física, que era dança breaking para alunos surdos. E em 2019, quando abri turmas para alunos surdos no projeto, ele retornou. Eu, como professor, me senti muito feliz, orgulhoso, impressionado, em poder ver a dedicação dele e do Felipe em treinarem, se atentarem nas aulas, se arriscarem em evento de nível avançado, não demonstraram medo, foram pra cima”, comentou o professor.

“Gostei muito de participar da seletiva da Red Bull, me senti muito bem, treinei muito a dança com o professor Fabrício, ele me ensina muito. Obrigado professor por ajudar a participar da Red Bull, vou continuar treinando e melhorando sempre”, agradeceu Robert de Souza Bahia.

“Eu fui ao evento Red Bull BC One e foi muito perfeito, ótimo e superior. O professor Fabrício é maravilhoso como intérprete de Libras. Gostei muito do certificado de agradecimento pela participação no evento”, disse Felipe Ribeiro Andrade.

Fabrício Fonseca criou o projeto ‘Jump in dance’ com aulas ministradas aos sábados e domingos, na Escola Bilíngue para Surdos “Nydia Moreira Garcez” (CEDAP), em Paranaguá. Atualmente, devido à pandemia, ele está realizando atendimento on-line através do aplicativo Zoom. “Tenho grupos no WhatsApp com os alunos, onde vamos compartilhando informações, ou seja, eles enviam vídeo dos treinos e eu vou analisando e trabalhando com eles”, explicou.

“Só tenho a agradecer ao Fabrício pela oportunidade que vem dando aos surdos, tornando as aulas de dança acessíveis na comunicação em Libras, sendo o primeiro projeto de dança Breaking no Brasil a ensinar e acolher os surdos. Sou uma apoiadora do projeto desde o início e sempre o incentivei a continuar, pois sabemos da importância e da diferença que vem fazendo na vida de muitos surdos. Inclusão e acessibilidade em um grande projeto de dança, parabéns professor Fabrício Fonseca”, enfatizou a vereadora de Paranaguá, Isabelle Dias.

Reconhecimento

A Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos – Feneis, entidade de maior instância representativa da Comunidade Surda brasileira, a qual valoriza e considera importante os trabalhos que buscam garantir o desenvolvimento sociocultural, bem como de acessibilidade e informação para as pessoas surdas e com deficiência auditiva, reconhece e referencia o importante trabalho desenvolvido pelo Jump in Dance, como a primeira escola de dança breaking do Brasil, que trabalha com o ensino de alunos surdos e ouvintes, ministradas pelo professor Fabrício Fonseca.

“Quando soube da notícia do Fabrício sobre a Jump in Dance fiquei impressionado ao ver como o surdo pode dançar sem ouvir o som, então sentindo o som pela vibração e visualização. Quanto à vibração que empurra, ou seja, incentivando os movimentos do surdo, e a visualização apresentando a arte abstrata. Por isso, que reconheci essa instituição privilegiada para continuar avançando no futuro, pois haverá as competições difíceis, mas acredito que um surdo aluno do projeto irá superar” parabeniza o diretor Regional da Feneis, Luciano Canesso Dyniewicz.

Aulas 

As aulas de especialidade na comunidade surda iniciaram com os surdos do litoral do Paraná e foi sendo divulgado através das redes sociais. Com essa ampliação das aulas para abranger alunos de outros lugares, Fabrício passou a ministrar aulas para pessoas de outros países.

“Estive em contato com surdos de outros estados que em seguida começaram a participar: Santa Catarina e Pernambuco. Logo em seguida, estive conhecendo surdos de outros países, onde fiz um workshop em 2020 para surdos do Japão, Rússia, Índia, Bolívia e no mesmo ano iniciei um trabalho de ensino a um surdo que tem um grupo de dança com três crianças surdas, onde realizava um trabalho de ensino da dança breaking para ele e compartilhávamos das línguas/culturas do Brasil e Japão, e em seguida passei a ensinar também os seus alunos, no qual eles têm um bom desempenho e são totalmente dedicados”, relatou Fabricio Fonseca, enfatizando que esses alunos também participaram da abertura dos Jogos Paralímpicos de Tóquio.

Seletivas

A disputa deste ano do Red Bull BC One, que conta com a participação de mais de 30 países, marca a primeira edição após entrada oficial da modalidade no maior evento multiesportivo do mundo, e possibilitará que o público acompanhe um alto nível de disputa e conheça os principais nomes da cena.

A competição funciona no formato 1×1, com duas a três entradas dos dançarinos em cada round. As apresentações levam de 30 segundos até 1 minuto, a depender da estratégia adotada pelo participante em cada um dos momentos. Para surpreender os jurados, os artistas devem considerar em suas performances fatores como criatividade, originalidade, dinâmica, combinações de movimentos e musicalidade – que significa dançar em cima da ‘quebra’ da música, o que traduz o nome da modalidade.

O Red Bull BC One é a maior competição individual do mundo entre b-boys e b-girls. Criado em 2004, o evento de breaking é realizado em diversos países, onde a cada ano milhares de dançarinos competem em batalhas regionais, as chamadas Cyphers. Após essa primeira fase, os melhores 16 b-boys e 16 b-girls se enfrentam na final nacional do evento que, neste ano, ocorre em outubro na cidade de São Paulo.

Os vencedores dessa etapa (um de cada categoria) garantem uma vaga na final mundial, que acontece no dia 6 de novembro, em Gdansk, na Polônia. A grande decisão funciona no formato mata-mata, no qual os participantes dançam em frente a um painel formado por cinco jurados e têm suas habilidades avaliadas. Vale tudo para impressionar: técnica, criatividade e simpatia. Quem for melhor em todos os requisitos e conquistar os juízes, vence.

Fotos: Alysson Skyller

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