Coronavírus

CoronaVac apresenta “alta capacidade de neutralização” da variante Ômicron

Vacina inativada resiste de forma mais intensa às novas variantes

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Na quarta-feira, 12, o Instituto Butantan divulgou que estudos científicos feitos recentemente demonstraram que a vacina CoronaVac contra a Covid-19, produzida no País pelo Butantan e pelo laboratório chinês Sinovac, apresentaram capacidade alta de neutralização da variante Ômicron do SARS-CoV-2. O imunizante, assim como outras vacinas inativadas em uso contra a pandemia no mundo, induzem um repertório de imunidade maior contra o Coronavírus, segundo o que aponta a entidade científica. 

Segundo o Butantan, a capacidade de neutralização maior se deve ao fato de que outras vacinas que não são inativadas “usam apenas parte do vírus causador da Covid-19”, acrescenta. “A CoronaVac, ou outras vacinas inativadas, induz um repertório maior de imunidade contra Covid. Recentemente, há evidências científicas de que a capacidade de neutralização da CoronaVac contra ômicron é maior do que a capacidade das vacinas baseadas em proteína S. E a conseqüência disso é que as vacinas inativadas como a CoronaVac resistem mais às variantes”, afirma o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas.

Para Covas, a formulação dos imunizantes com vírus inativado podem explicar o motivo da CoronaVac ser mais reagente contra as variantes de preocupação, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS) define as cepas mais transmissíveis do SARS-CoV-2, como a Ômicron.  “A CoronaVac forma anticorpos contra pelo menos 16 proteínas, enquanto as vacinas de proteína S atuam contra uma única proteína, a Spike. Países como Brasil, Chile e outros que usaram em grande parte a CoronaVac não sofreram um grande impacto pela variante delta, enquanto os países que usaram outros imunizantes tiveram um grande impacto tanto com a Delta quanto agora com a Ômicron”, aponta.

Estudo demonstra capacidade de neutralização

Segundo o Butantan, estudos no mundo já demonstram a capacidade da CoronaVac neutralizar a Ômicron, sendo um deles tendo sido realizado no Chile, que ainda não foi publicado, onde se indica que três doses do imunizante foram capacidades de “ativar a resposta imune celular contra a variante”. A pesquisa envolveu pesquisadores da Universidade do Chile, do Instituto La Jolla, da Califórnia, e da Sinovac e foi anunciado no final de dezembro à imprensa chilena. 

“Os primeiros resultados que obtivemos são respostas celulares, que são células chamadas linfócitos T, que reconhecem antígenos de coronavírus. Fomos capazes de medir a capacidade de reconhecimento e de resposta imune em amostras obtidas de pessoas vacinadas com duas doses da CoronaVac, mais a dose de reforço, e detectamos um nível significativo de reconhecimento da proteína S da variante ômicron”, ressalta o pesquisador Alexis Kalergis, diretor do Instituto Milênio de Imunologia e Imunoterapia e professor na Pontifícia Universidade Católica do Chile. 

De acordo com o instituto, o estudo levou em consideração um grupo de 24 pessoas que completaram o esquema vacinal com a CoronaVac e receberam dose de reforço após seis meses. “Amostras de sangue dos vacinados foram avaliadas em laboratório para verificar a capacidade específica dos linfócitos T em identificar os vírus da variante”, explica a assessoria.

“Esses linfócitos T têm a capacidade de reconhecer células infectadas para eliminá-las. Para conseguir isso, os linfócitos T também devem produzir uma molécula antiviral chamada interferon gama e nossos resultados mostram que essa molécula foi efetivamente produzida”, explica Alexis.

Outro estudioso que reforçou a validade da CoronaVac diante da Ômicron foi o epidemiologista Abdi Mahamud, gerente da Equipe de Suporte ao Gerenciamento de Incidentes de Covid-19 (IMST, na sigla em inglês), da OMS. “Todas as vacinas que têm sido usadas têm uma resposta e proteção muito boa de células T. Nós vimos uma parte que veio da Sinovac [CoronaVac], e ela mostra uma neutralização. Pretendemos focar no que as vacinas estão fazendo com as células T e na prevenção de hospitalização”, finaliza.

Com informações do Instituto Butantan

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