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Ciência e Saúde

Médica veterinária do IAT detalha os primeiros casos de gripe aviária no litoral

Casos da doença confirmados no litoral são os primeiros no Paraná

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O litoral do Paraná registrou os primeiros casos de gripe aviária no Estado em aves silvestres da espécie Trinta-Réis-Real (Thalesseus maximus), nos municípios de Antonina e Pontal do Paraná. O primeiro, na cidade de Antonina, foi confirmado na noite do dia 23 de junho. Outra amostra, colhida no dia 22 no município de Pontal do Paraná, também foi confirmada laboratorialmente como um caso de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP).

Carolina Raksa Novinski, Residente Técnica em Veterinária do Instituto Água e Terra (IAT) do Paraná, que atua no Parque Estadual do Palmito, em Paranaguá, destacou como foi identificado o primeiro caso da doença no litoral. “Primeiramente recebemos a informação de como está o animal, era de uma espécie de ave que já havia sido positivada para Influenza Aviária lá no estado do Espírito Santo. A ave, por ser migratória e marinha, é de responsabilidade do CEM – Centro de Estudos do Mar – para dar o atendimento. O IAT iria fazer o resgate e encaminhar para eles. Por terem sido verificados sinais suspeitos, a ADAPAR de Antonina foi notificada, foram coletadas amostras pelo Serviço Veterinário Oficial e enviadas para o laboratório oficial. O animal foi enterrado na propriedade, assim evitamos a transmissão do vírus. O primeiro caso de gripe aviária foi confirmado no dia 23 de junho de 2023″

CASOS CONFIRMADOS

Após a confirmação dos dois casos no litoral, a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) informou que foram intensificadas as ações de vigilância em populações de aves domésticas e silvestres em todo Estado, em especial na região litorânea. A depender da evolução das investigações e do cenário epidemiológico, novas medidas poderão ser adotadas pela Adapar para evitar a disseminação da doença e proteger a avicultura paranaense.

“Atualmente temos dois casos confirmados de Gripe Aviária no estado do Paraná e outro caso em investigação em aves silvestres migratórias marinhas que passam em região de costa”, informou a veterinária.

Não há propriedades de produção comercial no raio de 10 quilômetros do foco localizado em Antonina e em Pontal do Paraná. O litoral do Paraná não possui uma produção avícola comercial expressiva, ficando distante de locais com produção intensiva. Outras investigações em aves silvestres estão em curso no Paraná.

H5N1

A Influenza Aviária (IA) é uma doença viral altamente contagiosa que afeta aves domésticas e silvestres, muitas vezes resultando em graves consequências para a saúde animal, para a economia e para o meio ambiente. A Influenza Aviária de alta patogenicidade é caracterizada principalmente pela alta mortalidade de aves que pode ser acompanhada por sinais clínicos nervosos, digestórios e/ou respiratórios, tais como andar cambaleante; torcicolo; dificuldade respiratória e diarréia.

Carolina Raksa Novinski é Residente Técnica em Veterinária do IAT do Paraná e atua no Parque Estadual do Palmito, em Paranaguá

“A influenza aviária, que é o H5N1, é de aves e é altamente patogênica e contagiosa em aves. Existem casos nos seres humanos? Existem, pois foram confirmados na américa três casos, mas eram pessoas que tiveram contato direto com essas aves infectadas. É bem raro de acontecer, mas alertamos pela questão de biossegurança e cuidados com a higiene pessoal, lavar sempre as mãos”, relatou Novinski.

A primeira linha de defesa contra a influenza aviária é a detecção precoce e a notificação oportuna de suspeita da doença para permitir uma resposta rápida, a fim de evitar a disseminação. Os produtores e a população precisam ficar atentos aos sinais que as aves infectadas pelo vírus da gripe aviária apresentam. Pelo risco de contágio, não se deve manipular aves silvestres mortas ou com sinais clínicos da doença. “Encontrou uma ave morta, machucada, não tocar, não mexer e não levar para casa. Apenas deve ser acionado o IAT ou a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), pelo site do e-sisbravet que é o sistema de notificação ou pela Agência da Adapar mais próxima”, explicou. 

CONTENÇÃO DE FOCO

Os donos de aviários devem reforçar os cuidados com o fechamento de todas as frestas para evitar que qualquer outro animal, incluindo as aves silvestres, possa ter contato com as aves comerciais. Também é importante não deixar ninguém estranho à produção chegar perto das aves e que aqueles que precisam desse contato utilizem roupas e sapatos específicos para a atividade. As regras aplicam-se também a produtores de ovos. É fundamental sempre lavar as mãos e trocar roupas e sapatos antes de acessar as granjas.

“Temos uma rede de contatos, realizamos várias reuniões com essas instituições, para ficar mais rápido e prático o atendimento, com portarias, memorandos internos de cada instituição, existe também o plano de contingências da influenza aviária, […] vários protocolos para agir com proteção segurança evitando o contato e disseminação da doença, fazendo atendimento de forma rápida para conter os focos e [trabalhando] para informar a população”, disse  a Residente Técnica em Veterinária do IAT, Carolina Raksa Novinski.

GTA SUSPENSA

A Adapar publicou uma portaria que suspendeu temporariamente por 90 dias a emissão da Guia de Trânsito Animal (GTA) para aves do Litoral, impedindo que cheguem a outras regiões do Estado. “Foi feito uma Portaria 587 de 22 de maio de 2023 do mapa, que considerou o estado de emergência zoossanitárias, para que se prorrogasse essa normativa a fim de evitar trânsito e aglomeração de aves, como em torneios, em competições, então isso não pode ser feito, pois foi feita por questão de emergências zoossanitárias e vale por 180 dias”, lembrou.

O Parque Estadual do Palmito é uma unidade de conservação Estadual da Mata Atlântica localizado na planície litorânea do Paraná, dentro do perímetro urbano de Paranaguá

TRANSMISSÃO DO VÍRUS H5N1

Segundo a Adapar, quando verificado um caso provável, é feita a colheita de amostra para diagnóstico laboratorial, isolamento de animais, interdição da unidade epidemiológica (propriedade), verificação do trânsito e investigação de possíveis vínculos. “Existe sim a possibilidade de chegar em aves de subsistência, aves de criação. Por isso deve ter todo cuidado de biossegurança relacionado aos animais domésticos, seguir os protocolos e evitar que as aves de criação, tenham contato com aves silvestres. Comparado com as aves, o risco de transmissão para humanos é bastante reduzido, mas devemos sempre tomar os cuidados necessários com relação à higiene”, reforçou a veterinária do IAT.

SINTOMAS

Carolina Raksa Novinski, Residente Técnica em Veterinária do IAT do Paraná, que atua no Parque Estadual do Palmito, em Paranaguá, descreveu os sintomas causados em aves e que sinalizam uma possível infecção com o vírus H5N1. “A doença causa sinais sistêmicos, neurológicos, respiratórios e digestivos nas aves. O neurológico é o que nós estamos observando mais. A ave fica apática, não voa, não tem instinto de fuga, outro sinal é que ela fica cambaleante, cai, como se estivesse com uma fraqueza, tem sinais compulsivos, fica balançando a cabeça, rodando em círculos, apresenta dificuldades respiratórias, secreção nasal, ocular, edema de face, pescoço, diarréia entre outros. Para comprovar, é necessário que sejam sinais sistêmicos para que seja considerado suspeito. Encontrando uma ave com esses sinais, os moradores já podem notificar o e-sisbravet ou a Adapar mais próxima” contou a profissional, reforçando que não se deve tocar no animal. “Ao encontrar uma ave nesse estado o morador deve notificar os órgãos competentes e não tocar no animal”, completou.

CUIDADOS

“Recomendamos essa vigilância passiva de notificação, é muito importante, e recomendamos que as pessoas que forem notificando, encontrarem aves mortas ou vivas, nessas situações, feridas ou machucadas, não tocar e ligar para nós. Entrar em contato com a Adapar ou notificar pelo e-sisbravet, e quanto a biossegurança, é bom as pessoas sempre lavarem sempre as mãos com água e sabão e depois passar álcool em gel, cuidar da higiene pessoal”, finalizou Carolina Raksa Novinski.

Todas as suspeitas de Influenza Aviária, que incluem sinais respiratórios, neurológicos ou mortalidade alta e súbita em aves, devem ser notificadas imediatamente à Adapar, pessoalmente nas unidades locais ou no site www.adapar.pr.gov.br, por meio da plataforma e-Sisbravet.

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