conecte-se conosco

Ciência e Saúde

Diretor da 1.ª Regional de Saúde comenta as causas da retomada da Covid-19 no litoral

“Se a população não nos ajudar, os leitos serão insuficientes”, ressaltou o diretor José Carlos de Abreu

Publicado

em

Diretor da 1.ª Regional de Saúde comenta as causas da retomada da Covid-19 no litoral

No mês de novembro, o litoral do Paraná observou a retomada dos casos de Covid-19 entre a população. Assim como em Curitiba, que voltou para a bandeira laranja nesta semana, com hospitais chegando a sua capacidade máxima de atendimento. O alerta para o avanço da pandemia, após a queda em várias regiões do Estado, é válido neste momento, no qual a tendência é ter um cenário ainda pior nas próximas semanas.

O diretor da 1.ª Regional de Saúde, José Carlos de Abreu, ajudou a esclarecer a atual situação no litoral do Paraná.

“O litoral segue a mesma tendência de outras regiões do Paraná e do Brasil. A partir do final do mês de outubro, nós observamos um aumento muito importante no número de casos novos de Covid-19. No litoral, percebemos uma tendência crescente no início de novembro que se mantém até hoje”, analisou Abreu.

Falsa sensação de segurança

A retomada do aumento no número de casos é atribuída a alguns fatores, entre eles a falsa sensação de segurança propiciada pela queda de confirmações observadas em alguns meses. “Aquela tendência de queda que tínhamos em relação ao mês de julho e agosto, pode ter criado uma sensação de que a pandemia já passou. A pandemia não passou. Estamos ainda passando por esse momento. Isso significa que a população não pode relaxar em relação às medidas sanitárias: uso de máscara, de álcool em gel, ter cuidado ao espirrar em não levar a mão aos olhos e boca, lavar as mãos com água e sabão, evitar as aglomerações e os deslocamentos desnecessários”, afirmou Abreu.

De acordo com ele, o período eleitoral também gerou alguns problemas. “Inevitavelmente, aumentaram os encontros para divulgar as candidaturas, isso também possibilitou o aumento dos casos. Os municípios também começaram a diagnosticar mais pessoas com Covid-19, tudo isso contribuiu para essa retomada do ciclo epidêmico no litoral”, evidenciou Abreu.

Estratégias de controle

Segundo Abreu, entre as estratégias para controlar essa retomada da doença o destaque fica em manter ativa a união entre os municípios da região, discutindo formas de minimizar os riscos. Ele salientou que cada município do litoral tem o seu plano de contingência para o enfrentamento da doença. 

“Identificamos como necessário nesse momento da pandemia: que os municípios divulguem mais informações à população, de que é preciso cumprir as regras de isolamento social. Há uma dificuldade com relação às pessoas infectadas, que precisam cumprir a determinação de se manter isolado, mesmo se ainda só houver uma suspeita. É comum encontrar essas pessoas circulando em supermercados e fazendo reuniões sociais”, alertou o diretor da 1.ª Regional de Saúde.

Há a intenção também de ampliar a testagem. “Aqueles pacientes que apresentarem algum dos sintomas devem procurar imediatamente a unidade de atenção básica do seu município. Pois apesar de todos estarem focados nos hospitais, estes são para casos graves. Cerca de 80% dos casos de Covid-19 são assintomáticos, contudo transmitem a doença”, lembrou Abreu.

Hospital Regional do Litoral

O Hospital Regional do Litoral (HRL) está organizado com 20 leitos de UTI dedicados exclusivamente à Covid-19, além de 10 leitos de observação para pessoas que não evoluíram para a forma grave da doença, mas que precisam de atendimento hospitalar.

“Hoje, há vários hospitais no Paraná decretando seu fechamento, pois estão congestionados. Os leitos do HRL são satisfatórios hoje em relação ao cumprimento de sua função, mas se a população não nos ajudar, eles serão insuficientes”, ressaltou Abreu.

Abreu lembrou, ainda, que o Hospital hoje tem a maior maternidade do litoral, atende pessoas que sofrem infarto e AVC, que têm diabetes e precisam ser internadas, além de todos os traumas ocasionados por acidentes serem atendidos no local.

“Aumentaram os casos de violência interpessoal, de acidentes, chegam pessoas todos os dias esfaqueadas e baleadas. Nós não podemos desativar essas funções do HRL para atender exclusivamente Covid-19. Precisamos da colaboração de todos em todos os sentidos. A população tem uma corresponsabilidade em nos ajudar a reduzir os riscos neste momento em que estamos com todos os leitos praticamente ocupados”, afirmou Abreu.

Festas de fim de ano

As reuniões sociais comumente realizadas nas festas de fim de ano, envolvendo confraternizações de empresas e grupos de amigos, além das festas de Natal e Ano-Novo, exigem uma atenção maior para não se tornarem mais um fator de risco para a retomada da doença. 

“Não é recomendado hoje que as pessoas se reúnam em grandes contingentes. Seria importante as pessoas visitarem seus pais e parentes, mas que procurem manter o distanciamento, evitar o contato físico, utilizem máscara. Eu sei que isso contraria tudo aquilo que histórica e culturalmente nós vivemos, porque o Natal é o momento do encontro familiar, do abraço, de rever os amigos, mas um ato de amor e carinho é não expor essas pessoas ao risco. Quando houver a necessidade, procure fazer as reuniões em locais abertos e com poucas pessoas. Este é um momento novo, inusitado”, finalizou Abreu.

Leia também: Sábado é Dia D de Vacinação contra a Poliomielite e Sarampo

Em alta

plugins premium WordPress