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Ciência e Saúde

Burnout ou esgotamento profissional: psicólogo explica os sinais e como lidar com o problema

Trabalhadores não devem negligenciar equilíbrio entre vida pessoal e profissional

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Foto: Divulgação/Freepik

Neste mês, o tema saúde mental está em pauta em função da campanha Setembro Amarelo. E um dos assuntos que merecem atenção pelo alto índice de casos no Brasil é a Síndrome de Burnout, conhecida também como Síndrome do Esgotamento Profissional. A Organização Mundial da Saúde (OMS) já caracteriza o problema como uma doença ocupacional. Segundo pesquisas realizadas pela ISMA-BR (International Stress Management Association no Brasil), cerca de 30% dos profissionais brasileiros sofrem de Burnout.

“É uma condição de um cansaço muito grande, uma exaustão tanto física como mental decorrente da realidade de trabalho, da vivência, de como ela acontece no trabalho”, explicou Guilherme Ramos, coordenador da Comissão de Psicologia Organizacional e do Trabalho do Conselho Regional de Psicologia do Paraná (CRP-PR).

Sintomas

O Burnout pode vim acompanhado de uma série de sintomas, entre eles, a fadiga e o isolamento em decorrência da sobrecarga de trabalho. “É comum que essas pessoas se afastem dos amigos, prejudicando a qualidade dos seus relacionamentos. Isso, muitas vezes, vem acompanhado de insônia e dores de cabeça. Há uma percepção de negativismo, de desesperança em relação a melhorias e um sentimento de baixa eficácia profissional, de baixa competência, de derrota, de insegurança com aquilo que está realizando”, disse Guilherme.

Os efeitos desse esgotamento no trabalho também prejudicam o trabalhador na hora de tomar decisões mais assertivas. “Tende a ser uma pessoa que não consegue manter seu foco e atenção de forma mais consistente e acaba se desdobrando em uma bola de neve que vai piorando cada vez mais a realidade para essa pessoa enquanto indivíduo e todo o resultado para a organização se esta não der conta de identificar isso entre suas equipes para tratar adequadamente”, acrescentou Guilherme.

Síndrome é comum no Brasil

Segundo ele, a Síndrome do Burnout no Brasil ainda é muito comum, sendo o segundo País com os maiores percentuais de trabalhadores com problemas de estresse. “O Brasil perde apenas para o Japão. Entre a população que está na idade produtiva, 1/3 tem Burnout e um percentual altíssimo dessas pessoas, que já tem o problema instalado, se mantém trabalhando nas mesmas condições de trabalho que promoveram a condição. Isso envolve toda uma questão de necessidades sociais e financeiras e uma falta de perspectiva de melhora que faz com que elas se mantenham em um contexto de trabalho adoecedor e prejudicial para o seu bem-estar e qualidade de vida”, afirmou Guilherme.

Vida pessoal X vida profissional

O equilibro entre a vida pessoal e a profissional traz muitos benefícios para o  trabalhador e não deve ser negligenciado. “Isso vai ter um impacto direto na sua saúde física e mental, na sua percepção de bem-estar. É importante que todos tenham tempo de qualidade para desenvolver um hobby pessoal, que tenha tempo de qualidade para os seus familiares, para o envolvimento com seus pares amorosos, para o desenvolvimento de redes de relacionamento interpessoal. Para o indivíduo é fundamental que ele tente, na medida do possível, trazer o máximo de equilíbrio dentre todas as áreas da sua vida”, disse Guilherme.

Por outro lado, também é interessante para as organizações promoverem e auxiliarem nesse equilíbrio. “Um trabalhador que está na condição de Burnout não tem um sono de qualidade, provavelmente não está se alimentando bem, não está fazendo atividade física, não está desenvolvendo hábitos de lazer e isso tem todo um efeito prejudicial nas suas competências profissionais também”, frisou o psicólogo.

Isso porque o Burnout pode influenciar na demora para entregar resultados nas empresas e organizações, na maior probabilidade de cometer erros, na dificuldade de trabalhar de forma interdisciplinar, pelo sentimento de negativismo, o que impacta também as pessoas ao seu redor.

“As empresas que não investem nesse cuidado indiretamente também está deixando de melhorar seus retornos financeiros, clima organizacional, entre outros indicadores da gestão”, apontou Guilherme.

O profissional acrescenta que pesquisas mostram que para cada um real investido em saúde mental das equipes, as organizações recuperam quatro reais, em média.

Procure ajuda

Para o trabalhador que se identifica com as características e efeitos do Burnout mencionadas pelo profissional, o indicado primeiramente é procurar ajuda com um psicólogo. “Em alguns casos também pode ser importante um acompanhamento psiquiátrico com fármacos que possam auxiliar. Também pode ser importante o afastamento das condições de trabalho e um investimento na reorganização da vida para criar bons hábitos para recuperar sua qualidade de vida e poder retornar às atividades laborais com a vida mais equilibrada”, ressaltou Guilherme.

O quanto antes conseguir identificar o problema, a pessoa conseguirá ter resultados no tratamento de forma mais rápida e recuperação do seu bem-estar. Para isso, é preciso estar atento aos sinais: não conseguir encontrar as pessoas que gosta, exaustão, não conseguir se desligar do trabalho na hora de dormir, grau de estresse e de ansiedade frequente, dificuldade de concentração, alterações nos hábitos alimentares, elevação da pressão sanguínea, mal-estar gastrointestinal, dores musculares na região do pescoço.  

“Envolve uma questão de autoconhecimento de perceber as mudanças no próprio corpo, como na sua rotina com a reflexão de como está a distribuição do seu tempo entre trabalho, vida pessoal, vida familiar, atividade física, alimentação, hobbies, para ter a qualidade de vida que você merece. Se tudo isso não estiver equilibrado, é sinal de atenção”, frisou Guilherme.

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