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Ciência e Saúde

Após a pandemia, baixa cobertura vacinal torna crianças mais vulneráveis a doenças

Butantan alerta para redução na taxas de imunização infantil

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Foto: Agência Brasil/EBC

O Instituto Butantan divulgou alerta não somente para as crianças do Brasil, como principalmente a seus pais e responsáveis, reforçando que o público infantil está mais suscetível a contrair doenças virais e bacterianas nos últimos anos, algo que se soma à baixa cobertura vacinal contra doenças já como o sarampo, tuberculose e poliomielite no Brasil. De acordo com a entidade científica, o sistema imunológico das crianças atualmente está menos desenvolvido devido ao confinamento ocorrido nos últimos dois anos por causa da pandemia, sendo que não-imunização não somente faz com que as crianças corram o risco de contrair a Covid-19, como também outras enfermidades já citadas, que são altamente transmissíveis e graves, reforçando a necessidade de que a população infantil tome as vacinas disponibilizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

“As mesmas crianças que não foram expostas a brincadeiras na terra e ao ar livre durante a pandemia, e que passaram a ter asma e outras doenças, porque o sistema imune não se desenvolveu por falta de exposição, estão agora frequentando uma sala de aula. Isso pode deixá-las muito suscetíveis a ficarem mais doentes”, afirma a pesquisadora do Laboratório de Desenvolvimento de Vacinas do Butantan, Luciana Leite, que é também especialista em vacinas pediátricas.

Segundo o Butantan, o fato de o sistema imune não estar reforçado, se soma a outra informação alarmante: pais e responsáveis estão vacinando menos seus filhos no Brasil. “Em 2021, as maiores quedas foram na cobertura da vacinação de poliomielite, que causa a paralisia infantil, da tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), e da tetra viral (tríplice e vacina da varicela, contra a catapora), além da queda na cobertura da vacina BCG, indicada para recém-nascidos contra tuberculose”, alerta a entidade.

De acordo com a assessoria, essas informações de baixa imunização constam no Ministério da Saúde (MS), tendo sido levantadas pela pesquisadora de políticas públicas Marina Bozzetto, da Universidade de São Paulo (USP), com divulgação posterior no jornal O Globo. A cientista afirma que baixa vacinação e imunidade baixa fazem com que a população infantil brasileira tenha “um sistema imunológico menos preparado para tanta exposição pós-pandemia associada à redução da proteção pela menor cobertura vacinal”.

“Durante a pandemia tivemos a redução de algumas doenças pediátricas, mesmo com a redução na vacinação, porque as crianças deixaram de estar expostas. Agora o problema é que elas estarão mais expostas porque voltaram às aulas, e estão circulando. Prevejo que a gente vá ver um aumento de casos dessas doenças com cobertura reduzida, como o que já vimos com o sarampo”, afirma Marina Bozzetto.

Poliomielite e o risco da paralisia infantil 

De acordo com as informações do Butantan repassadas pelo Ministério da Saúde, a redução na vacinação infantil ocorre desde 2016. “Com isso, há um risco real de doenças já erradicadas, como a poliomielite, voltarem ao país, ainda mais pelo surgimento de novos casos em países como a África do Sul e Israel. Essa situação vem colocando em alerta a Organização Mundial da Saúde (OMS) e, aqui no Brasil, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Em nota, a SBP alertou sobre o risco de epidemias de sarampo e poliomielite no país no próximo ano”, alerta o Butantan.

Uma doença que foi erradicada no Brasil em 2016 foi o sarampo, fazendo com que o País fosse nomeado oficialmente como “zona livre do vírus do sarampo” pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). “Porém, com a diminuição da cobertura vacinal, houve uma explosão de casos em 2018, e em 2019 o país perdeu o título”, acrescenta o Butantan.

A estudiosa da USP afirma que o mesmo caminho de volta poderá ser feito para retorno da poliomielite no Brasil, enfermidade que já havia sido erradicada em 1994 no País. “Em 2020, a cobertura vacinal por grupo alvo para poliomielite foi de 75,88% e para a segunda dose de tríplice viral foi de 62,75%, segundo dados do Ministério da Saúde”, informa.

“A poliomielite é muito infectante e precisa encontrar pessoas suscetíveis. Se há pólio em alguns lugares do mundo, se pessoas desses lugares vierem para cá e nem todo mundo que deveria estar vacinado estiver, é um problema. Se essa pessoa encontra dez pessoas e três não estão vacinadas, já aumenta a probabilidade. Se encontra cem pessoas, quantas elas poderão infectar?”, questiona Marina.

Ainda sobre a pólio, o Butantan explica que ela é causada pelo chamado poliovírus, um tipo de vírus que se multiplica no intestino, com transmissão de indivíduo para indivíduo, principalmente pela via oral ou fecal e, de forma menos presente, por alimentos e pela água. “Como não tem tratamento específico, a doença só pode ser prevenida por meio da vacinação”, alerta o instituto.

Com informações do Instituto Butantan

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