Matança no trânsito

Com frequência, emissoras de televisão voltam a divulgar o terrível problema que é a matança no trânsito – e muito apropriadamente intitulam a apresentação de “crime sem castigo”. As estatísticas revelam: a cada vinte minutos morre uma pessoa vítima do trânsito por culpa direta de alguém que, por incrível que pareça dificilmente paga pelo crime cometido. Todos sabemos que crimes imperdoáveis são premeditados. Pois quando alguém se propõe a dirigir um carro sem estar habilitado, ou após ter participado de uma bebedeira, ou ainda para provar a si mesmo a potência do carro e abusa do acelerador está premeditando matar; não deixa de ser um criminoso em potencial. Um erro: e uma família enlutada, ou então criaturas jovens no auge do vigor condenadas a arrastar uma vida miserável, inutilizada por mutilações irremediáveis. Que se pode fazer para evitar esses quadros dolorosos que se repetem: o rádio fala, a televisão mostra… Ninguém está seguro. E o Brasil vem se tornando campeão mundial de acidentes de trânsito. Será que nós, brasileiros, somos o povo mais rude do mundo? Mais irresponsável, menos piedoso, o menos apegado à família, o mais insubordinado às leis – ou atrasado, com irrefreável complexo de inferioridade frente a outros povos do mundo e, por isso, usa o carro como escudo para disfarçar as suas limitações?

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