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Semeando Esperança

Quando será o fim?

O tempo é como “um senhor tão bonito” a quem se pode “fazer um pedido”

Publicado

em

Bispo Dom Edmar Peron

O tempo é como “um senhor tão bonito” a quem se pode “fazer um pedido”. Ele é “compositor de destinos, tambor de todos os ritmos”. A poesia diz que, inclusive, é possível fazer um acordo com ele. Mas ele não se deixa prender; é sempre “tão inventivo e… contínuo”. Sendo-nos propício, poderemos “espalhar benefícios” até o dia em que sairemos para fora do seu “círculo” (Caetano Veloso, Oração ao Tempo). Penso que ele aceita apenas um acordo: que o vivamos como “tempo presente”, sem desperdiçá-lo, seja nas dores, seja nas alegrias. Quando atravessamos tribulações como injustiças, fome, doenças, morte, guerras, perseguições, pandemia e desastres naturais o tempo tende a durar uma eternidade, é longo demais, parece não passar. Um dia, porém, ao lado de uma pessoa que amamos passa tão rápido como se fosse um instante. Isso porque podemos fazer uma experiência do tempo e não apenas cronometrá-lo. 

Esse modo, enquanto experiência qualitativa aparece no que os católicos chamamos de Ano Litúrgico. Nele, os tempos, meses e dias estão organizados sempre em relação à pessoa de Jesus Cristo e sua obra salvadora. Diferentemente do ano civil que prossegue o seu curso e terminará somente na passagem do ano, na noite de 31 de dezembro para 1º de janeiro, o Ano Litúrgico tem início sempre quanto domingos do Natal do Senhor, com o Tempo do Advento. Ele oferece a oportunidade de nos prepararmos para o Natal, que comemora a primeira vinda do Filho de Deus entre nós, e, ao mesmo tempo, a viver na esperança do encontro definitivo com o Senhor, que virá glorioso no final dos tempos. Assim rezamos neste tempo: “Revestido da nossa fragilidade, Jesus veio a primeira vez para realizar seu eterno plano de amor e nos abrir o caminho da salvação. Revestido de sua glória, ele virá uma segunda vez para conceder-nos em plenitude os bens prometidos que hoje, vigilantes, esperamos” (Missal Romano. Prefácio do Advento, n. 1).

Esperar – que tem a ver com esperança – indica um modo de viver, aguardando o feliz encontro com o Senhor: “agora e em todos os tempos ele vem ao nosso encontro, presente em cada pessoa humana, para que o acolhamos na fé e o testemunhemos na caridade, enquanto esperamos a feliz realização de seu Reino” (Prefácio do Advento, n. 1A). A solidariedade, pois, segue a oração e a celebração do Advento.

Desse modo, a pergunta principal não é: “Quando?” Quando vai passar a pandemia? Quando a tristeza terminará? Quando não haverá mais corrupção? Mas é: “Como?” Como podemos viver para aprender com as durezas e inseguranças da pandemia? Como podemos resistir e permanecer firmes nas tristezas da vida? Como podemos agir para não sermos corruptos em nossas pequenas ações? Esse é um caminho de crescimento, “vivendo o tempo presente” e não apenas, de braços cruzados, ficar “esperando o tempo passar”.

Enfim, como dizia Francois-Xavier Nguyên Van Thuân, vietnamita que viveu grande parte de sua vida na prisão, por causa da sua fé: “O caminho da esperança é calçado de pequenos passos de esperança”.

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