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Semeando Esperança

DEUS AMA O MUNDO

“Deus ama o mundo”. Não um mundo ideal, pensado e defendido por certos grupos, mas o ama tal como é: inacabado e incerto; cheio de conflitos e contradições; capaz do melhor e do pior

Publicado

em

Bispo Dom Edmar Peron

A possibilidade de meditar um texto do Padre José Antonio Pagola intitulado “Deus ama o mundo” foi de grande conforto. Por causa da missão, tenho experimentado como tantas pessoas muitas tristezas acentuadas ou provocadas pela pandemia. Há, também, a percepção da crescente onda de fundamentalismos extremistas, tanto de cunho religioso quanto político, gerando comportamentos intolerantes e violentos. Por isso pensei em partilhar alguns elementos do texto meditado.

Para iniciar o assunto é importante reiterar que a afirmação “Deus ama o mundo” não é uma frase a mais ou uma daquelas expressões que poderiam ser eliminadas do Evangelho sem que nada de fundamental mudasse. Não! Trata-se do núcleo essencial da fé cristã: “Deus amou tanto o mundo, que deu seu Filho unigênito”. Esse amor de Deus é a origem e o fundamento da nossa esperança.

“Deus ama o mundo”. Não um mundo ideal, pensado e defendido por certos grupos, mas o ama tal como é: inacabado e incerto; cheio de conflitos e contradições; capaz do melhor e do pior. É este mundo concreto que Deus ama e não deixa percorrer um caminho sozinho, perdido e desamparado. Deus o envolve com seu amor por todos os lados. Esta compreensão ajuda a perceber consequências da máxima importância.

Primeiramente é preciso afirmar que Jesus é, antes de tudo, o “dom” que Deus fez ao mundo, não só aos cristãos. Ainda que os investigadores possam discutir sem fim sobre muitos aspectos de sua figura histórica, e os teólogos continuem desenvolvendo suas teorias – algumas muito estranhas e longe do Jesus de Nazaré, apresentado pelos quatro evangelistas –, fundamental mesmo é se aproximar dele. Somente quem busca Jesus Cristo, deixa-se encontrar por ele e o acolhe como o grande dom ou presente de Deus, pode paulatinamente descobrir, com emoção e alegria, que Deus está próximo de cada ser humano.

Em seguida, vem a questão eclesial. A razão de ser da Igreja – aliás, a única razão que justifica sua presença no mundo – é lembrar a todos o amor de Deus. O Vaticano II sublinhou isso diversas vezes: a Igreja é enviada por Cristo para manifestar e comunicar o amor de Deus a todos os seres humanos. Não há nada mais importante do que essa missão. Comunicar o amor de Deus a todas as pessoas é a primeira coisa a fazer.

Decorre, igualmente, da afirmação “Deus ama o mundo” que ele dá ao mundo esse grande dom que é Jesus, “não para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele”. É perigoso fazer da denúncia e da condenação do mundo moderno todo um programa pastoral. Grave é do mesmo modo uma proposta e ação política que, em nome de Deus, condene pessoas e grupos. Só com o coração cheio de amor a todos podemos nos chamar uns aos outros à conversão e à fraternidade. Se as pessoas se sentem condenadas por Deus, não estamos transmitindo a elas a mensagem de Jesus, mas outra coisa: talvez nossos ressentimentos e descontentamentos.

Enfim, no momento atual, em que tudo parece confuso, incerto e desalentador, nada impede que cada um de nós introduza um pouco de amor no mundo. Foi o que fez Jesus. Não devemos esperar por nada. Por que não sermos nesse momento homens e mulheres que introduzam no mundo amor, amizade, compaixão, justiça, sensibilidade e ajuda aos que sofrem? E isso, claro, independentemente da fé que professamos e, até mesmo, sem ela.

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