Apesar do impacto causado pelos problemas climáticos na região sul sobre a produtividade de soja e milho, o volume da produção de grãos no país está estimado em 250,871 milhões de toneladas, 3,6% ou 8,8 milhões de t superior ao colhido em 2018/19. Em relação ao levantamento passado (abril/2020), houve uma queda de 0,4%, mas a estimativa de safra recorde para essas duas culturas se mantém. É o que aponta o 8º Levantamento da Safra 2019/2020, divulgado na última terça-feira, 12, pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). As culturas de primeira safra estão com a colheita praticamente encerrada e a conclusão da produção ainda depende do comportamento climático nas culturas de segunda safra, que se encontram em estágio avançado de desenvolvimento.
PIB do agronegócio
O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro cresceu 2,4% no primeiro bimestre de 2020 ante o mesmo período do ano passado, segundo cálculos da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP). O avanço foi puxado pelos segmentos primário (3,9%), de serviços (2,7%) e agroindustrial (1,4%). O ramo de insumos, recuou 0,7%. Entre os dois principais ramos do campo, o pecuário avançou 4,61% no bimestre, enquanto o agrícola cresceu 1,33%. O avanço da pecuária foi decorrente de um mercado ainda aquecido para as proteínas animais, “relacionado principalmente à elevação dos preços das carnes suína e bovina, como resultado da demanda firme no mercado externo em decorrência da peste suína africana (PSA), e ao reflexo dessa elevação nos preços das proteínas substitutas, como carne de frango e ovos”. Já o resultado da agricultura é justificado pela elevação do PIB na atividade primária em janeiro e fevereiro (3,92%).
Carne suína
As exportações brasileiras de carne suína (considerando todos os produtos, entre in natura e processados) totalizaram 72,8 mil toneladas em abril, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). O número supera em 19% o total embarcado no mesmo período de 2019, quando foram exportadas 61,1 mil toneladas. Em receita, a alta é ainda maior, chegando a 31,9%, com total de US$ 165,2 milhões em abril de 2020, contra US$ 125,2 milhões no mesmo mês de 2019. No primeiro quadrimestre de 2020, as exportações brasileiras de carne suína totalizaram 280,8 mil toneladas, volume 28,4% superior ao registrado no mesmo período de 2019, com 218,7 mil toneladas.Com isto, a receita das exportações no ano chegou a US$ 650,3 milhões, número 53,5% superior ao registrado no mesmo período de 2019, com US$ 423,6 milhões.
Moagem de cana
A moagem de cana-de-açúcar pelas unidades produtoras da região Centro-Sul somou 37,96 milhões de toneladas na segunda quinzena de abril, contra 31,73 milhões de toneladas verificadas no mesmo período na safra 2019/2020 (+32,33%), informou há pouco a União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica). Da quantidade total de cana-de-açúcar processada na quinzena, 45,76% foi destinada à fabricação de açúcar, ante os 30,87% registrados na mesma data de 2019. Como consequência, a produção de açúcar quase dobrou (+93,46%) nos últimos quinze dias de abril de 2020, atingindo 2,02 milhões de toneladas. Somadas as duas quinzenas de abril, a moagem alcançou 60,38 milhões de toneladas (aumento de 32,33% na comparação com igual período do ciclo 2019/2020), com a fabricação de 2,98 milhões de toneladas de açúcar (+115,83%), 615,91 milhões de litros de etanol anidro (+56,47%) e 1,94 bilhão de litros de etanol hidratado (+5,15%).
Logística eficiente ao porto
O ano de 2020 começou com recordes expressivos para o Paraná. Com a colheita praticamente encerrada, a safra de grãos 2019/20 chegou à marca histórica de 20,7 milhões de toneladas, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab). Tão importante quanto ter eficiência na produção e na colheita é ter um sistema logístico capaz de escoar os produtos agropecuários, seja para o mercado interno, seja para a exportação. O corredor de exportação do Estado vem funcionamento muito bem, como comprovam os números. O Porto de Paranaguá fechou abril com a maior movimentação mensal de sua história: 5,5 milhões de toneladas embarcadas – 30,9% maior que no mesmo mês de 2019. De janeiro a abril, o volume também impressiona: 18,8 milhões de toneladas. Quase um terço desse volume – 5,8 milhões de toneladas – corresponde a carga de soja, o que atesta que essa movimentação intensa tem relação direta com a supersafra de grãos. Só em abril, o porto recebeu mais de 59 mil caminhões em seu pátio de triagem, sem que houvesse formação de filas na rodovia.
Receita tem queda
Em abril, a arrecadação líquida dos tributos diretamente administrados pela Receita Federal (excluída a contribuição à Previdência Social) caiu mais de 28% em termos nominais e cerca de 30% em termos reais (descontada a inflação), na comparação com o mesmo mês do ano passado, de acordo com dados preliminares. A queda da arrecadação em abril será ainda maior porque os dados disponíveis ainda não incorporaram o efeito da postergação do pagamento da contribuição patronal ao INSS nem a arrecadação administrada pelos outros órgãos do governo federal. A forte queda da arrecadação de abril foi provocada por duas razões. A primeira é o efeito direto da redução da atividade econômica, provocada pelo isolamento social. O segundo é a postergação do pagamento do Cofins, PIS/Pasep, contribuição patronal ao INSS referentes aos meses de abril e maio para agosto e outubro.
Serviços caem 6,9%
O volume de serviços caiu 6,9% em março, em comparação com fevereiro, alcançando o pior resultado do setor na série histórica da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), iniciada em janeiro de 2011. Os dados de março, divulgados na última terça-feira, 12, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que a retração é uma consequência das medidas de isolamento social para conter o avanço do contágio da Covid-19. É a segunda queda consecutiva do setor, que recuou 1% em fevereiro. Todas as cinco atividades pesquisadas tiveram quedas, com destaque para serviços prestados às famílias (-31,2%) e transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (-9%). Os impactos observados sobre as empresas do setor de serviços foram sentidos principalmente nos últimos dez dias do mês de março, quando começaram as paralisações.
Bens industriais
O consumo aparente de bens industrializados caiu 11,9% em março deste ano na comparação com fevereiro. A informação foi divulgada na última terça-feira, 12, pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) e mede tanto a demanda pela produção interna do Brasil quanto as importações de bens industriais. Segundo o Ipea, o consumo aparente de bens industriais em março foi 3% menor que no mesmo mês de 2019. Mesmo assim, os 12 meses encerrados em março apresentaram uma ligeira alta de 0,2%, na comparação com o período anterior. Com os dados de março, o primeiro trimestre do ano teve uma alta de 0,7% em relação aos mesmos meses de 2019. A produção nacional de bens industriais caiu 14% em relação ao resultado de fevereiro, segundo a pesquisa, e as importações industriais recuaram 1,3% na mesma base de comparação. A indústria de transformação foi mais atingida, com uma queda de 12,4% na demanda interna. Já a indústria extrativa mineral teve retração de 7,4% da demanda.
Setor de turismo
Desde o início da pandemia do covid-19, em 11 de março, o setor de turismo acumula perdas de R$ 62,5 bilhões, segundo um estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Além disso, a entidade calcula que a atual crise deve destruir 300 mil postos de trabalho. Um dos mais afetados pela crise, o segmento foi fortemente impactado pela intensificação de medidas visando à redução do ritmo de expansão da doença, como o isolamento social e o fechamento das fronteiras em diversos países. Segundo a Confederação, a perda de R$ 13,4 bilhões, durante o mês de março, chegou a R$ 36,94 bilhões em abril e a R$ 12,24 bilhões somente nos dez primeiros dias de maio, totalizando mais de R$ 60 bilhões de perdas em relação ao período pré-pandemia.
Café do Brasil
O Brasil exportou em abril 2,99 milhões de sacas de 60 quilos de café verde, alta de 1,5% em relação a igual período do ano passado, o que representa uma “surpresa positiva” e praticamente exaure os estoques de passagem, informou na última terça-feira, 12, o Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé). Segundo a entidade, o resultado supera o volume projetado para o mês, com os embarques para os principais mercados compradores, Europa e Estados Unidos, aumentando mesmo em meio à pandemia do covid-19. Considerando as variedades de café, as exportações de arábica tiveram queda de 1,1% no mês passado, a 2,7 milhões de sacas, mas os embarques de robusta saltaram 30,3%, para 313 mil sacas. Os Estados Unidos, maiores compradores do café brasileiro, adquiriram quase 2,7 milhões de sacas em abril, alta de 8,45% na comparação anual. A Alemanha, que vem na sequência, incrementou as compras em 9,45%, a 2,4 milhões de sacas.
Veículos novos e usados
As vendas de veículos financiados caíram 56,5% no último mês de abril, em comparação com o mesmo período de 2019, e o prazo médio dos financiamentos aumentou. Os números foram divulgados na última terça-feira, 12, pela B3. Foram 215.572 veículos, entre automóveis, motos e pesados, novos e usados. Em abril do ano passado foram 496.183 unidades. Em relação a março, com 433.402 financiamento registrados, a queda foi de 50%. A maior redução foi sentida entre os automóveis novos, que passaram de 112.187 para 29.109 – 74,1% a menos. A menor ficou para as motos novas, com queda de 40,7%. Entre o total de 215.572 veículos financiados em abril de 2020, 156.661 foram automóveis, 45.296 foram motos e 13.616 foram pesados.
Importação de trigo
A importação de trigo pelo Brasil em 2020 deve atingir recorde de 7,3 milhões de toneladas, em meio a uma revisão de dados de moagem do cereal no país realizada pela associação dos moinhos (Abitrigo), que aponta para um consumo histórico do cereal neste ano, disse nesta terça-feira à agência de notícias Reuters um gerente da estatal Conab. O Brasil, que está em processo de plantio do cereal em 2020, vem de uma safra em 2019 prejudicada pelo clima em muitas regiões, e o consumo de farinha de trigo e derivados está firme, com as famílias aumentando a demanda em momento de isolamento social para proteção contra o coronavírus, afirmou o gerente de produtos agropecuários da Conab, Thomé Guth. Essa conjuntura deverá colaborar também para consumo recorde de trigo em 2020 no país, estimado em 12,5 milhões de toneladas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Redação ADI-PR Curitiba
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