Em meados de 2013, quando respondia pela presidência da Fomento Paraná, regida pelas normas do Banco Central, nos deparamos, com uma situação inusitada para a instituição, até então.
No programa Juro Zero, criado para apoiar famílias em vulnerabilidade social atendidas pelo CRAS – Centro de Referência de Assistência Social e pelo SINE, foi apresentado um pedido de financiamento para a compra de uma “vaca”.
Após muitos debates da equipe da Fomento Paraná, decidiu-se encarar o desafio e conceder a essa família o financiamento inédito.
A potencial empreendedora era Beatriz da Rosa, que morava de favor, com o marido e três filhos, em um sítio de propriedade da família, em uma área rural de Santo Antônio do Sudoeste, na divisa com a Argentina, no Sudoeste do estado.
Por atuação de uma Assistente Social e da Agente de Crédito da Agência do Trabalhador, conveniada à Fomento Paraná, e tendo como única renda o programa Bolsa Família, Beatriz foi orientada em um projeto para comprar uma vaca leiteira da raça Jersey e um freezer, para a conservação do leite.
Com essa articulação, os técnicos viabilizaram também para a família um contrato de fornecimento à Cooperativa de Leite da Agricultura Familiar – CLAF.
“Foi a experiência maior e mais maravilhosa que eu jamais imaginei. É uma coisa muito boa. Estou muito feliz”, dizia Beatriz à época. “A cada quatro dias entrego 50 litros de leite de duas vacas, além do que uso para casa e vendo aos vizinhos. Minha renda já aumentou e dá para eu viver bem, graças a Deus. Não faltou mais nada para as crianças”, comemorava.
A experiência da empreendedora passou a ser replicada por agentes de crédito de outros municípios da região e foi reconhecida como fator de melhoria da renda nas propriedades.
Histórias como esta consolidam meu conceito de que oferecer as condições adequadas aos empreendedores de micro e pequeno porte (até informais), é tão importante para as cidades quanto a presença de médias e grandes empresas.
Milhões e milhões de brasileiros gostariam de ter uma oportunidade como esta que a família da senhora Beatriz Rosa conquistou com força de vontade e apoio do Estado. Ações conjuntas e políticas públicas convergentes contribuem com a economia das cidades e com a melhoria de vida das pessoas.
O Brasil tem jeito. O Paraná dá exemplos, e ainda há muito para se fazer.
Por Juraci Barbosa.