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Maçonaria

Tempo e Perseverança (2)

A alegoria cristã dos Reis Magos, ampliada a partir de breve menção feita pelo apóstolo Mateus no Evangelho e tradicionalmente celebrada em 06 de janeiro, pode também ser vista como uma representação alegórica do progresso científico humano, de que tratamos aqui na semana anterior

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A alegoria cristã dos Reis Magos, ampliada a partir de breve menção feita pelo apóstolo Mateus no Evangelho e tradicionalmente celebrada em 06 de janeiro, pode também ser vista como uma representação alegórica do progresso científico humano, de que tratamos aqui na semana anterior. A inteligência dos homens (observação) os levou a seguir um objetivo (estrela), com firmeza e constância (perseverança), até encontrarem o Conhecimento (Jesus). Dependendo da cultura, ponto de vista e critérios adotados, qualquer situação pode ter o significado que se queira dar a ela, e é normal haver mais de uma interpretação correta para cada coisa. 

A história mostra que é assim também em relação à medida do tempo, com sistemas resultantes da observação da natureza que visam atender às necessidades civis e religiosas de cada cultura. Há calendários que seguem o movimento da Lua (ex., islâmico), do Sol (persa), da Lua e do Sol (hebraico), e há os arbitrários, nem Lua nem Sol. “Calendário” vem do latim calendarium, “livro de registro” do dia de ocorrência da calendae, “lua nova”, que por séculos marcou o início de cada mês romano, até perceberem que, embora constantes em relação às marés, por exemplo, os meses lunares já não sincronizavam com as estações do ano, regidas pelo sol. 

Então em 46 a.C., para ter meses mais longos, ajustados ao ciclo solar, o grego Sosígenes simplesmente “adicionou” alguns dias. Surgia o calendário juliano, ainda hoje em uso no oriente. No ocidente, permaneceu praticamente o mesmo por 1600 anos, mas o número variável de dias do ciclo solar afetou de novo a sincronia entre meses e estações. Assim, há apenas 400 anos, em 1582, o calendário gregoriano tornou-se o novo padrão ocidental, com ajustes no critério para os anos bissextos e o “sumiço” de 10 dias: por decreto papal, em uma única noite se passou direto do dia 4 para o dia 15 de outubro daquele ano. A medida do tempo é, portanto, uma mera convenção humana, um “acordo geral” manipulável conforme as necessidades de momento, as quais não são necessariamente iguais para todos.

A perseverança, por sua vez, dispensa “acordos”. Esta virtude se identifica e se mede pela experiência, que só se alcança com o tempo bem aproveitado. A passagem do tempo é necessária para a experiência, mas por si só não a garante. Pode-se “sobreviver” muito tempo sem nenhuma experiência, mas “viver” exige experimentar com propósito e constância. 

“Perseverança é acreditar que vamos conseguir, mesmo quando as probabilidades estão contra. (…) Para superar obstáculos e obter sucesso, é necessário trabalhar sempre mais. Quando se trata de sucesso, algumas pessoas parecem ter sorte, mas quando aprofundamos, concluímos que essas pessoas são exímias em ajudar a sorte através de perseverança e determinação. É preciso acreditar no poder do espírito humano, mas esse poder tem de vir de dentro e não de fora.” (António Jorge)

A própria Maçonaria, como instituição mundial, é um modelo de perseverança. Apesar de todos os obstáculos e perseguições de que já foi vítima em 300 anos, segue firme em sua marcha civilizadora. Em Paranaguá, a Loja Maçônica Perseverança faz jus a seu nome desde 1864, mantendo seus trabalhos mesmo ante situações adversas. Para ficar apenas em poucos exemplos mais antigos, destacam-se o pioneirismo na libertação de escravos, a participação de seus membros em ambos os lados na revolução federalista e o incêndio que em 1921 destruiu os registros de quase 60 anos de sua história. 

Desde a iniciação na Ordem o Maçom necessita conhecimento (para reconhecer o lhe falta), rigor (para progredir sem atalhos), humildade (para não se iludir com falso progresso) e sobretudo perseverança, para manter-se no difícil caminho da retidão, por mais obstáculos que encontre. Bertold Brecht (1898-1956) já dizia que “existem homens que lutam um dia e são bons; existem outros que lutam um ano e são melhores; existem aqueles que lutam vários anos e são muito bons; porém, existem os que lutam toda a vida – estes são os imprescindíveis.” 

(Com base em obras de N. Aslan, O. Luz, H. F. Sampaio Júnior, K. Ismail, J. B. Louro, António Jorge, também em www.freemason.pt, noesquadro.com.br, focoartereal.blogspot.com, cienciaecultura.bvs.br, Wikipedia e definições do dicionário online Oxford Languages.)

Responsável: Loja Maçônica Perseverança – Paranaguá – PR ([email protected])

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