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Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá

Riqueza ignorada

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No extremo sul do litoral paulista, se projeta a região que avança pelo o litoral norte do Paraná, até  Paranaguá é sabido que a fauna e a flora exuberantes são extremamente conservadas, predominando a maior concentração de Mata Atlântica ainda existente que propicia a produção de ozônio em elevada proporção, trazendo benefícios incontáveis para o meio ambiente e a qualidade de vida dos seus habitantes.

E nesse cenário privilegiado, tombado pela Unesco como Reserva da Biosfera, se encontra espalhada nas densas florestas naturais a planta conhecida vulgarmente como Paratodos, Casca d’Anta ou Cataia com propriedades ímpares e ainda desconhecida da maioria da população. Trata-se de árvore perenifólia, tolerante à sombra, que chega atingir 15 metros de altura e seu tronco e diâmetro de 40 cm, que no mundo científico é considerada da família Winteraceae e no catálogo internacional está registrada como Pimenta pseudocaryophyllus. Já o nome popular, de origem indígena, caa-tuyaa, significa árvore para velho, confirmando suas qualidades medicinais, destinadas à diversas curas de doenças que atingem principalmente a terceira idade.

A floração dessas árvores ocorre a partir de julho e suas flores são bissexuais, aromáticas, brancas, visitadas por abelhas, as principais polinizadoras. Os frutos surgem a partir de novembro e possuem, via de regra, 09 sementes. O solo molhado, úmido e encharcado é o lugar mais adequado para o seu melhor desenvolvimento, o que permite afirmar que são plantas existentes no interior da Mata Atlântica, em áreas litorâneas e baixas, próximas à orla, especialmente no Vale do Ribeira. A casca do tronco tem serventia medicinal, sendo usada para tratamento estomacais e sangramento das gengivas, hemorragias nasais, afecções no útero e na próstata, segundo a crença popular e pesquisas já realizadas. Há testemunhos de alguns animais doentes recorrerem a essas cascas. A árvore também é usada para caixotaria, lenha e carvão. E são por excelência ornamentais por conta da elegante formosura de sua plástica natural. Suas folhas, são tônicos revigorantes, aumenta o apetite, elimina vermes do sangue, problemas de pele, sarna e combate de modo eficaz o piolho. Na medicina popular, são também usadas para dores intestinais e cólicas, febres e anemias, dispepsia, náuseas e flatulências.

Atualmente a cataia é conhecida também como o whisky caiçara. Suas folhas, após serem secas, quando embaladas nas garrafas de cachaça, dispersam o colorido amarelado turvo, semelhante à bebida inglesa, envolvendo a aguardente num aroma sugestivo e bastante convidativo, propiciando uma nova fonte de exploração e atividade econômica na região.

Nos tempos atuais, a cataia se tornou um símbolo do Lagamar. Com frequência pode ser encontrada nos mercados públicos e empórios populares nos diversos núcleos urbanos e rurais, cachaças engarrafadas com rótulos chamativos, envolvendo o produto e o lugar: Cataia de Cananéia, Licor de Cataia de Antonina; Cachaça de Guaraqueçaba sabor Cataia… e turistas compram e levam como presentes ou para o próprio consumo. Mas é pouco, pois a cataia tem que ser divulgada principalmente pelas propriedades que resultam em curas e melhor qualidade de vida, sem desprezar a cachaça, os licores ou guloseimas, como os sorvetes de cataia ou peixes assados nas folhas de bananeiras, temperados com folhas e casca moída dessas árvores. Enfim, resta encerrar carimbando que a Cataia do Lagamar, seja de que lugar for, deve e tem que ser amplamente divulgada. É antes de tudo, um santo remédio, nas afirmativas dos caiçaras seus habituais consumidores.

Roberto J. Pugliese

Advogado e professor- Pesquisador convidado para escrever na coluna do IHGP

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