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Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá

O navio pirata naufragado na ilha da Cotinga (1718)

Em Paranaguá, especificamente, relatou ao rei sobre o caso do corsário francês que afundou próximo à Ilha da Cotinga, no ano de 1718

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Em 1721, o Ouvidor Geral da Capitania de São Paulo, Rafael Pires Pardinho, esteve em correição, nas últimas vilas situadas ao sul da Capitania. Esse ouvidor relatou ao rei, Dom João V, a presença de navios estrangeiros trafegando nas vilas de Paranaguá, Ilha de Santa Catarina e Rio São Francisco. Em Paranaguá, especificamente, relatou ao rei sobre o caso do corsário francês que afundou próximo à Ilha da Cotinga, no ano de 1718.

Conforme a pesquisa desenvolvida pelo arqueólogo, Geraldo Hostin, tratava-se do navio pirata La Louise comandando pelo capitão Olivier Levasseur, também conhecido como La Buse. De acordo com o autor, por volta de 1717, esse pirata teria saqueado diversas embarcações no Canadá. Após saquear, o pirata navegou para o Brasil. Nesse mesmo ano, dois navios, não identificados, foram avistados na costa brasileira, próximos ao Cabo de Santo Agostinho. Logo que soube, o Vice-rei, Marquês de Angeja, ordenou que seus marinheiros e soldados fiscalizassem a costa. Sem que ele soubesse, os saqueadores evitaram a região e navegaram em direção ao sul. No final de fevereiro de 1718, o La Louise navegou mais ao sul. O vice-rei suspeitou que os piratas iriam em direção às vilas de Paranaguá, São Francisco e Santa Catarina, se disfarçando de comerciantes inocentes.  De fato, como demonstra o autor, registros demonstram que esses piratas desceram para Cananéia e logo após, aportaram em Paranaguá. 

Na vila de Paranaguá o navio teria parado próximo à Ilha da Cotinga, a fim de se abastecer com água e mantimentos. Quando tentou sair, o navio acabou afundando com muita prata e ouro, em moeda e em pó. Por volta de 1721, o Ouvidor, Rafael Pires Pardinho, relatou ao rei sobre o naufrágio do navio francês, ocorrido no ano de 1718. Durante a sua correição na vila de Paranaguá, o Ouvidor deixou escrito uma lista com 177 provimentos. Fica evidente que ao presenciar as embarcações estrangeiras navegando na baía de Paranaguá e ao ter conhecimento do navio francês afundado, deixou escrito provimentos específicos para evitar o comércio com navios oriundos de nações estrangeiras, corsos e navios piratas. O relato do Ouvidor e o desfecho desta história, continuaremos a tratar na próxima edição.

Agradecimentos especiais ao arqueólogo Geraldo Hostin. 

Priscila Onório Figueira

Historiadora

Fontes utilizadas

Hostin, Geraldo. The Pirate of Cotinga Island (1718): The History and Archaeology of a Mysterious Shipwreck in the South of Brazil. In: Maritime archeological and historical News, v. 32, n.2, fall 2021. P.7-11.

Hostin, Geraldo. Um dos naufrágios piratas mais importantes da história. Entrevista à Folha do Litoral News.  Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=0Tv76yrMreg 

Arquivo Histórico Ultramarino. São Paulo Alfredo Mendes Gouveia. cx. 3. doc.242. Lisboa Ocidental, 26 de maio de 1722. Carta do Ouvidor Geral de São Paulo, Rafael Pires Pardinho, para Dom João V, na qual diz que tendo ido em correição as últimas povoações do sul do Estado do Brasil, parece útil lhe dar conta de alguns navios estrangeiros que ali tem entrado. fl. 4-26.

MARCONDES, Moyses. Documentos para a História do Paraná Documentos para a história do Paraná recolhidos e anotados por Moyses Marcondes, Rio de Janeiro: Tipografia do Anuário do Brasil, 1922.

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