conecte-se conosco

Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá

HOMENAGEM À PROFESSORA EDMEA DE LIMA MESQUITA

Publicado

em

Parte I

No velho sobrado do Largo da Matriz, casa da minha querida avó Adelaide Dacheux, o piano preto de candelabros dourados colocado em posição estratégica na sala de visitas, sempre exerceu um grande fascínio sobre mim. E, aprender a tocá-lo não foi difícil. Dotada de um bom ouvido musical fui, por intuição, reproduzindo ao piano os sons que ouvia no rádio e, sem conhecer uma nota sequer, já conseguia tocar algumas melodias. E, sempre que havia oportunidade, gostava de exibir os meus dotes artísticos. Reunia os amigos que iam solicitando as músicas e eu, sem me fazer de rogada, ia executando.

Percebendo o entusiasmo, a facilidade e a vontade que eu tinha de aprender a tocar piano, minha mãe resolveu que eu precisava de uma orientação profissional. Passei por duas professoras que não tiveram muito sucesso comigo. Fiquei um bom tempo sem professor, tocando o que queria e quando queria. Um “dolce farniente” que foi interrompido quando uma senhora, recém chegada de Santos, foi encomendar um ” ponto ajour” para minha mãe e ouviu o som do piano. Gostou do que ouviu e acreditou que aquele toque, desprovido de técnica, poderia ser aprimorado. Apostou em mim e também no seu talento como professora. Convenceu minha mãe a nos dar uma chance e assim iniciamos um trabalho juntas. Eu,a aluna que não estava nem um pouco interessada na teoria musical. Ela, dona Edmea de Lima Mesquita, a professora que, aceitando o desafio, proporcionou a mim, a oportunidade de conhecer, amar, interpretar e desvendar os mistérios dessa fantástica arte dos sons.     

Com um método de ensino muito especial, dona Edmea cativava os alunos por sua paciência, meiguice e, acima de tudo, pela competência no trabalho. Ela amava o que fazia. Não dissociava a teoria da prática. Suas aulas iniciavam sempre ao piano, com uma explicação teórica do que em seguida seria colocado em prática. Dessa forma, aliando teoria e prática, as aulas eram mais atraentes, os conhecimentos assimilados com bastante facilidade e nenhum aluno ia para casa com dúvidas. Todas as questões eram muito bem explicadas e resolvidas durante a aula. Dona Edmea era também um pouco psicóloga, analista, conselheira e para cada aluno tinha sempre a palavra certa de incentivo, sabendo elogiar no momento oportuno, encorajando os mais tímidos a tocar sem medo. Todo final de ano, sua casa era enfeitada e preparada para a festinha de encerramento, quando os pais compareciam para assistir à audição dos alunos e para saborear um gostoso coquetel que ela preparava com muito esmero. Um dia, ao terminar uma aula, dona Edmea considerou encerrado o seu trabalho comigo, dizendo ter chegado o momento de eu frequentar uma academia para a conclusão oficial da minha formação pianística. E assim, ouvindo e aceitando os conselhos da velha mestra, passei a frequentar as aulas na academia. E, em função da sólida base teórica e técnica instrumental que me foram pacientemente transmitidas por dona Edmea, em pouco tempo recebi o meu diploma. Era o resultado de um trabalho realizado com muita harmonia e, acima de tudo, muito amor.

Publicidade










Em alta

plugins premium WordPress