Frederico Godofredo Lange nasceu no dia 5 de maio de 1892, na cidade de Morretes. Passou sua infância na Serra do Mar do Paraná, morando com sua família dos dois aos nove anos de idade na belíssima casa do Ypiranga. O intenso contato com a natureza permitiu que tanto a sua carreira quanto a sua obra fossem marcadas por essa primeira experiência.
Seu pai era o engenheiro alemão Bruno Rudolph Lange, que assumiu o cargo de chefe da via permanente da estrada de ferro Paranaguá-Curitiba, junto ao grupo de engenheiros de João Teixeira Soares. Em Paranaguá, Rudolph conheceu sua futura esposa, a viúva Ana Bockmann Schubert, natural da cidade de Morretes. O casal viria a formar uma família constituída por sete filhos.
Aos nove anos de idade, Frederico conheceu o pintor Alfredo Andersen, que lhe deu aulas de pintura e desenho de 1907 até 1910 dando início a uma brilhante carreira como artista plástico. A família apoiou seus estudos na Alemanha entre 1910 e 1920, onde cursou a Real Academia de Artes Gráficas de Leipzig e a Academia de Belas Artes de Munique. O nome Frederico Lange era comum na Alemanha, então, em Munique, tornou-se Lange de Morretes, pois o reitor solicitou que os alunos com nomes iguais fossem ao cartório e inserissem como último sobrenome a cidade natal de cada um, assim não haveria confusões nas notas e na aplicação de advertências.
A partir de 1928, começa a se dedicar intensamente à sua outra grande paixão, a malacologia (estudos sobre os moluscos) e sua produção científica na área o tornaram um referencial para os pesquisadores brasileiros. Em 1935, foi convidado pelo entomólogo Frederico Lane, que trabalhava no Setor de Zoologia do Museu Paulista, a ocupar o cargo de primeiro assistente científico de Zoologia e Paleontologia, indo trabalhar junto com o Barão Ottorino De Fiore di Cropani. Ao todo ele publicou 13 trabalhos científicos, sendo oito deles relacionados à descrição de 25 novas espécies, dois novos gêneros e três subgêneros. Seu primeiro trabalho foi um artigo sobre dois novos gastrópodes pulmonados do Brasil, publicado em 1937, e sua publicação mais importante foi “Ensaio de Catálogo dos Moluscos do Brasil”, publicado em 1949.
Faleceu no dia 19 de janeiro de 1954, em Curitiba e foi sepultado no dia seguinte em Morretes, sua cidade natal que tanto amava. Como já profetizava sua morte, tinha tudo planejado, inclusive como seria seu túmulo. Escolheu ser sepultado em pé e voltado para o pico do Marumbi. Seu jazigo foi ornamentado por plantas locais e por caramujos terrestres da espécie Megalobulimus paranaguensis, gênero que tanto estudou.
AUTOR:
Marcos de Vasconcellos Gernet- Bacharel em Gestão Ambiental e mestre em Ciência do Solo com ênfase em Sambaquis, Doutorando em Zoologia na UFPR, Professor da UFPR Setor Litoral.
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