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Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá

A POESIA DE HELENA KOLODY

Publicado

em

Profª Lúcia Helena Freitas da Rocha

“O poeta nasce no poema, Inventa-se nas palavras”

Helena Kolody é reconhecida como a poetisa mais importante do Paraná. Com uma produção vasta, que se estende desde a década de 1940 até o século XXI, é autora de uma obra vasta. Nascida em 1912, escreveu poemas da sua adolescência até os últimos anos de sua vida, tendo falecido em 2004. Desde os primeiros anos, sua produção foi galgando reconhecimento de público, de crítica e, principalmente, de outros escritores de relevo. Em vida, foi admirada por poetas tão distintos quanto Carlos Drummond de Andrade e Paulo Leminski. Sua obra se constitui de mais de 20 títulos, incluindo-se livros de inéditos, antologias, coletâneas, publicações em outras línguas e um volume em prosa. Precursora, é apontada como a primeira mulher no Paraná a publicar haicais, um estilo poético de origem japonesa, marcado pela concisão.

Em 1991, a poetisa de 79 anos, filha de pais ucranianos, paranaense e munícipe de Cruz Machado, Helena Kolody, passava a ocupar a cadeira n.º 28 da Academia Paranaense de Letras, sob aplausos e reconhecimento de seus pares.  Helena Kolody, desde os seus 17 anos, lidava com a arte de escrever, ao mesmo tempo em que ensinava religião aos alunos de escolas públicas estaduais. O manuseio dos parcos livros didáticos e catequéticos e o cuidado com as crianças transformavam-se, aos poucos, em fonte de inspiração. Desse modo, em vez de somente transmitir aos seus alunos os conteúdos já prontos passava, como dedicada professora e catequista, a registrar em tinta, sob versos e prosas, as sutilezas do seu ordinário religioso. Seus pais nasceram na Galícia Oriental, Ucrânia, o que explica sua inclinação a escrever sobre sua religiosidade católica oriental, tão específica. Conhecida por ser a poeta do cotidiano, das realidades simples e comuns, refletia em seus poemas a crença que herdara de seus antepassados, e que soube manter e dela extrair material para suas inspirações

Helena Kolody preferia ser chamada de poeta e não de poetisa, porque estava familiarizada com os poemas dedicados às festas marianas do calendário católico oriental, fazia releituras dos versos demasiadamente teológicos para os recomporem em uma linguagem acessível e inteligível àqueles de pouca formação ou iletrados. Assim, a poeta das realidades simples, utilizando-se dos versos e numa exegese toda peculiar, retocava as composições milenares e densas de conteúdo teológico, tendo o cuidado de preservar as verdades ali inscritas, na tentativa de aproximar a realidade divina aos anseios e expressões humanas

Helena Kolody tinha uma intimidade devocional, cultivada desde criança. Se os versos são escritos para aproximar as pessoas de sua essência e natureza original, obedecendo métodos e linguagens apropriadas, a composição iconográfica, de igual modo, não foge dessas sujeições. Afinal, toda arte é condicionada pelo tempo e pelo espaço de sua gestão, e, o gênero literário da poesia não escapa dessa realidade. 

Hoje, enquanto passamos por momentos de grande tensão bélica, principalmente com a guerra na Ucrânia, país da origem de Kolody, desfrutarmos de sua arte poética, é uma dádiva, pois, segundo Ruy Cristovam Wachoviks, “o Paraná é um grande laboratório étnico”.            

“Quando sonho, Sou outra. Inauguro-me!”

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