“Educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo”, já dizia Paulo Freire. Mas, afinal como acontece a educabilidade para a transformação de pessoas?
Sabemos que, ao longo da história, a educação passou por muitas transformações. Hoje, as nossas políticas públicas versam sobre o direito democrático e igualitário da educação. Segundo a Constituição Federal de 1988, art. 205, “a Educação é um direito de todos, visando o pleno desenvolvimento da pessoa […]” (BRASIL, 1988).
No entanto, não podemos fechar os olhos a uma dura realidade. Não somente ao que diz respeito aos 11,5 milhões de brasileiros analfabetos, acima de 10 anos (IBGE, 2017), mas também, aos milhares de analfabetos funcionais, que inábeis vivem em condições de extrema pobreza.
É sobre esta transformação social ao qual me refiro no texto. Uma educação pautada na transformação do pensar e do agir. Uma educação que pode quebrar barreiras, que é capaz de interferir nas condições sociais dos cidadãos, diminuir as desigualdades.
Não é puro falatório ou romantismo ver a educação como potencializadora de mudanças sociais. Pois, acredito que apenas o conhecimento, transformado em sabedoria pode provocar mudanças.
Não estou falando de transferência de conteúdos, do cumprimento de cargas horárias cada vez maiores ou mesmo da aprovação em avaliações nacionais. Claro que estas são ferramentas necessárias para as práticas pedagógicas escolares. No entanto, estou discutindo e defendendo uma educação promotora de mudanças, mudanças estas que devem iniciar pelo processo do pensar. Ou seja, uma educação que se preocupe também com a formação de indivíduos reflexivos, que permita ao aluno pensar por si só, pensar no outro, pensar nas formas de mudança e de como proceder a mudança.
Duas das mais famosas ativistas do mundo, Malala e Muzoon, com 18 e 20 anos de idade, respectivamente, têm trabalhado em prol da permanência das meninas sírias na escola. Isso porque elas sabem o valor que o ambiente escolar tem na vida de uma pessoa.
Costumo dizer em sala de aula, que a motivação, condição que nos move e nos leva a novos comportamentos, não é dada pelo outro. Ninguém consegue motivar ninguém. Incentivar sim, nos espelhamos em algo ou alguém para nos melhorar como pessoas, como profissionais. Mas, motivação é intrínseca a cada um. Eu me movo por aquilo que me comove, que me causa emoção, vontade.