Estou certa que ensinar ainda é a melhor forma de aprender, como já dizia Paulo Freire (2011). Como professora vivenciei experiências de ensino e de aprendizado nos diferentes níveis da Educação Básica. Mas, assim como todos, nunca imaginei viver uma era de educação remota como estamos vivendo por conta da pandemia.
Acredito em uma educação pautada na troca entre professor e aluno, na capacidade do professor reconhecer em seu aluno formas de contribuição ao processo de ensino e aprendizagem. É sob essa visão de reciprocidade e aceitação do outro na construção do “eu” e do conhecimento que nos tornamos civilizados e desenvolvidos em nossas capacidades sociais.
Desde muito pequenas as crianças são instruídas ao desenvolvimento cognitivo, com ensinamentos linguísticos e matemáticos, conteúdos que as permitirão atuar no dia a dia. E, diante das trocas que a escolarização permite, estão a valoração dos aspectos afetivo e social.
A conquista emocional e a socialização são uma construção permanente que deve sim, ser trabalhada na escola e tornam-se essenciais para o pleno desenvolvimento dos progressos na infância.
Frente a isso, um paradoxo se apresenta diante da paralisação das aulas. Sim! Nossas crianças e adolescentes estão perdendo e muito com a paralisação das atividades escolares presenciais.
Nós, professores, estamos nos esforçando para garantir a continuidade dos processos escolares com qualidade, mas, como já disse em textos anteriores, não há tecnologia que assuma o papel do professor.
Além, das perdas de conhecimento intelectual, as aprendizagens de conhecimento social também estão sendo afetadas.
Mas, não sejamos de todo pessimistas!
Nossas crianças estão “seguras” em suas casas, o que nesse momento, é o que tem maior importância. Além disso, as crianças e os adolescentes estão ganhando uma “coisa” que há muito tempo não tinham (com acentuação na generalização), o tempo em família.
A família é a base da construção do indivíduo, o primeiro círculo social que o indivíduo tem contato e àquele que vai deixar registrado marcas em suas crenças e comportamentos.
O convívio familiar registra a subjetividade, marca o sujeito à sua história, sua cultura, as experiências imediatas que o singularizam (SOUZA, 2003).