A construção artística, o uso da tecnologia e a escrita são algumas das exclusividades humanas. Estas habilidades têm em comum o desenvolvimento motor das mãos. Uma evolução que nos permitiu manipular objetos, manusear ferramentas eadequar força para agarrar ou proceder emoperações delicadas.
A escrita que surgiu como um diferencial da nossa espécie em relação aos demais animais, há cerca de 5 mil anos, tem passado por um processo de transformação. Hoje, a leitura se faz em telas (de computadores, de iPads e iPhones, de TV), e o ato de escrever tornou-se cada vez mais raro, concedendo espaço ao digitar. Uma realidade não apenas no cotidiano informal, mas também nas escolas, influenciando a maneira de escrever dos estudantes, sua leitura e interpretação.
A escrita à mão, ativa áreas específicas no cérebro, diferentes das estimuladas ao digitar. A escrita permite desenvolver na criança a dimensão e a delimitação do espaço, a ativação visual e motora e controlar movimentos cada vez mais precisos e simétricos.
Estudos neurocientíficos vêm mostrando que crianças aprendem a ler mais rápido quando são estimuladas à escrita à mão, além de apresentar maior capacidade de geração de ideias e retenção de informações. Isso porquê, a escrita pelo próprio punho (escrita manuscrita), provoca uma atividade mais intensa na região dedicada à memorização, contribuindo para um maior reconhecimento das palavras.
É bem verdade que não podemos deixar de reconhecer os benefícios da era digital, contudo, não devemos nos esquecer dos desafios proporcionados pela escrita.
Lembrar que mouse não é lápis, digitar não é escrever e tablet não é livro é um bom começo para não deixarmos esta habilidade desaparecer.