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Crônicas

A saga do cancelamento

Apesar do frio, o dia estava lindo! Sol brilhando lá fora e céu de brigadeiro

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Apesar do frio, o dia estava lindo! Sol brilhando lá fora e céu de brigadeiro! Cenário convidativo para um passeio, mas resolvi fazer o quê? Cancelar o plano de telefonia celular. 

Há tempo estava protelando o cancelamento. Quem teve que solicitar esse serviço sabe o quanto é desgastante e um verdadeiro teste de paciência. 

Contei até dez, respirei fundo, entrei no site, ainda pela manhã, e acionei o chat. Deduzi que fosse o caminho mais fácil. Ledo engano!

Algumas horas depois, eu havia conhecido, virtualmente, uma dezena de atendentes. Todas do sexo feminino. Algumas iniciavam o procedimento, mas não conseguiam finalizar. Até que uma delas me disse que seria melhor fazer o cancelamento via telefone. 

A essa altura, o período da manhã já tinha dado o seu adeus. Mas, à tarde, a saga “parte 2” continuou. 

Contei até vinte, respirei fundo e liguei. A gravação disparou um menu de 1 a 10: “Disque 1 para tal serviço; disque 2 para aquele outro…” E assim seguiu o meu calvário, quando, finalmente, fui atendida a ligação caiu. Em outro momento, o sistema travou e fui obrigada a repetir todo o processo. 

Até que adentrou em meus ouvidos uma voz masculina. A primeira depois de ter sido atendida por um harém. 

O atendente, a quem darei o nome fictício de Bartolomeu, era de uma calma que me fez duvidar se eu havia ligado para o número certo.

Não havia o costumeiro barulho de fundo em que as vozes de outros atendentes são percebidas. Bartolomeu parecia estar em home office. 

Com a voz suave e pausada, aparentava ter saído da aula de ioga, ou quem sabe tomado ansiolíticos e, se não fosse a pandemia, acreditaria que tinha acabado de chegar de uma viagem astral ao Tibet. Ele era a personificação da paz. 

“Em que posso ajudá-la?” – disse. 

Depois de ouvir a minha explicação, acessou o sistema com a velocidade de um raio e localizou todos os números que deveriam ser cancelados. 

Com Bartolomeu a ligação não caiu, o sistema não travou, não havia ruídos e o procedimento pela primeira vez se encaminhava para o final. Aleluia!

Volta e meia, aparecia na linha e solicitava que aguardasse um pouco mais. 

Quando o processo foi finalizado, questionou se poderia ajudar em algo mais.  Quase falei: “Tenho um chuveiro para trocar, a pintura da sala para refazer e o carro está apresentando um barulho estranho”. Vai que Bartolomeu com aquela tranquilidade toda, seria uma versão do Rodrigo Hilbert do telemarketing. 

Havia ainda uma fresta de sol quando desliguei o telefone. Pôr do sol de inverno costuma ter uma beleza diferenciada.  Continuava inebriada pela calma de Bartolomeu. Foi então que acendi um incenso, ouvi Enya e escrevi essa crônica. 

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