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Prostíbulos e Botequins

Atrás destas idealizações e tentativas de normatização do comportamento feminino – antes e depois do casamento, encontramos nas práticas sociais dos mais pobres uma diversidade de situações fora daquele padrão imposto às “mulheres de família”

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Por Alexandre Camargo de Sant’Ana

Atrás destas idealizações e tentativas de normatização do comportamento feminino – antes e depois do casamento, encontramos nas práticas sociais dos mais pobres uma diversidade de situações fora daquele padrão imposto às “mulheres de família”. Entre os populares são diversos os exemplos de “comportamentos desviantes” localizados nos jornais, pois diferente das classes dominantes, a vida dos mais pobres era exposta na mídia local. 

Naquela dicotomia entre mulher correta e mulher errada, na ponta oposta ao modelo feminino imposto às “jovens patrícias”, estavam as prostitutas. Apesar das críticas, as dezenas de relatos sobre locais de prostituição em Paranaguá no início do século XX evidenciam uma considerável demanda social por este tipo de atividade e a liberdade de ir e vir que os homens possuíam. A rua D. Izabel, atrás da velha estação, e a Pecêgo Júnior, que na época estendia-se até a Costeira (ocupando o trecho atualmente denominado como Rua Faria Sobrinho), eram os pontos de maior concentração de prostíbulos e botequins e possuíam uma vida noturna bastante agitada. De tão populares, esses locais contavam com a presença de policiais que não estavam de serviço, mantenedores “da ordem […] de folga”, e aparentemente também recebiam jovens da elite local. Pelo menos assim argumentou o dono de um estabelecimento na rua D. Izabel, onde aconteciam bailes em 1914 e fora denunciado como local de prostituição e “actos immoraes” – recebemos inclusive “distinctos moços da nossa melhor sociedade”.

Bebedeiras, danças, jogatinas e brigas (encontrei uma morte) eram recorrentes. Totalmente contrários aos modelos de mulher e de cidadãos, os acontecimentos relacionados à prostituição eram duramente criticados a partir de um discurso moral que denunciava estas situações como ameaças à família e aos bons costumes e por isso deveriam ser tratadas como casos de polícia.

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