Por Alexandre Camargo de Sant’Ana
Apesar da popularidade dos bares, botequins e prostíbulos, as duras denúncias contra os atos considerados imorais exigiam repressão policial em defesa da família e dos bons costumes. Era um momento de ocupação dos lugares públicos (ruas e praças) pelas classes dominantes e a presença de certos tipos de pessoas impedia a circulação daqueles que se consideravam cidadãos melhores
Em julho de 1912, o jornal local relatou uma briga na Pecêgo Junior entre duas “mulheres da vida fácil”, “sacerdotisas da doutrina de Baccho” que beberam demais e acabaram se enfrentando: após o “formidável duelo a braços”, ainda mantiveram um “bate língua indecente”. A polícia interviu e ambas acabaram presas – comemorou a nota jornalística. Naquela mesma região, um “Restaurant á esquina da rua Prescilliano Correia”, seria local de reunião de “gente de baixa moral” cometendo “scenas torpes”. Ao fim daquele ano, o jornal reclamava que as famílias não podiam nem se aproximar das janelas devido os “impropérios e actos” dos “indivíduos embriagados”. A polícia deveria agir!
Nesses “mil antros de perdição que amanhecem de portas abertas” na rua D. Izabel, os apreciadores da cachaça “Morreteana” bebem a noite inteira, “espalham-se pelas immidiações” e sentam nas “portadas de casas de família” falando indecências “digna de corar um frade de pedra”. Seria urgente a intervenção policial, alertava um jornal de 1913.
No início de 1914, em tom irônico, a notícia era outra briga entre duas “meretrizes” – ambas chamadas Maria – na rua Pecêgo Junior. A polícia encaminhou as “madames ao chalet da praça Pires Pardinho” (como o artigo definiu a cadeia localizada no Campo Grande). O jornal curitibano, “Diário da Tarde”, ao final de 1914, comentou sobre a rua Pecêgo Junior: “mulheres de vida airada costumavam exhibir-se nuas” e a polícia precisou agir.