O Relógio de Sol, ao lado da Biblioteca Leôncio Correia, encontra-se fora da cerca. Todavia, quando o Rotary Club patrocinou a construção do monumento, as grades não existiam e o relógio integrava o jardim do Palácio da Cultura. Ambos estão na Praça João Gualberto, que vai até o Terminal Urbano. Segundo um jornal de 1914, o (recente) aterro daquela imensa região teria acabado com um dos “peiores” banhados do centro de Paranaguá.
Mas, como havia um lamaçal gigantesco no meio da cidade? Na verdade o banhado estava lá há muito tempo – bem antes de ser alcançado pela urbe – e ao final do século XIX nem fazia parte da área urbana. A Estrada de Ferro só foi inaugurada em 1881 e quatro anos depois, terrenos na região dos trilhos ainda eram vendidos como “chácaras”. Segundo um jornal de 1989, em 1900 o banhado permanecia fora do limite urbano, definido pela Rua Júlia da Costa.
Apesar de praticamente desabitada, a região era muito movimentada, afinal, desde 1860 possuía a chamada Fonte Nova. Em uma Paranaguá sem água encanada, as fontes eram locais de aglomeração popular, com os empregados, escravos, população mais pobre e carroças pipas indo buscar o líquido precioso. Naquele baixio enlameado, também havia as lavadeiras, aproveitando as águas do riacho Ipyranga (ou rio – não tenho detalhes), que passava bem no meio da região.
Já existe informação de aterro em 1863, mas seriam necessários mais 50 anos para a Prefeitura eliminar o banhado. No começo do século XX, Paranaguá crescia em direção ao Porto dos Gatos (onde a atividade portuária não parava de aumentar, levando junto a mão-de-obra e gerando novos bairros). O velho banhado no meio do caminho tornou-se um problema. Deveria sumir para não atrapalhar o progresso.