Na gestão de Caetano Munhoz da Rocha o projeto modernizador transformou Paranaguá, buscando deixar as características rurais para trás. Além do meio físico, seria necessário atacar diversas práticas sociais anteriormente relevadas, mas inaceitáveis dentro dos padrões burgueses de civilização.
A água potável encanada fez parte da transformação urbana e deste modo, em diversos momentos enxergamos o choque entre o novo (idealizado pela burguesia) e o antigo (o que acontecia na prática), como ocorreu com os equipamentos do sistema de distribuição.
Além do monumental chafariz francês no Campo Grande, outros mais simples foram construídos no Rocio, Porto D. Pedro II, Boulevard Serzadello e Estradinha. A prefeitura também instalou bebedouros para animais e alguns para os habitantes, como na Rua General Carneiro, na Praça Fernando Amaro e em frente à estação ferroviária. Rapidamente o jornal local passou a denunciar o mau uso dos equipamentos pelo “povinho”, algazarras com a água dos chafarizes e bebedouros, além do vandalismo.
Era início do século XX e a Democracia inexistia no Brasil, quem dirá em Paranaguá. Os governos eram autoritários e o tratamento dado à população era sempre carregado de brutalidade. Nas denúncias do jornal verificamos esta opção pelo caminho ditatorial, pois os pedidos são sempre de maior repressão, mais força policial, leis e atitudes mais rígidas, entre outras medidas antidemocráticas dignas da antiga e ultrapassada sociedade imperial.
Tudo se resolveria com aumento da violência, até mesmo quando se tratava de crianças e principalmente com adultos – ambos definidos como vagabundos. Todavia, aumentar a repressão nunca funcionou, nem aqui, nem em lugar nenhum. Inclusive, veremos em textos futuros como a criação de uma força paramilitar acabou resultando em excesso de violência contra os parnanguaras e por isso foi desativada pela prefeitura.
Por Alexandre Camargo de Sant’Ana