Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá
ABAREBEBÊ O Padre Voador
Leonardo Nunes, mais conhecido como “Abarebebê (padre voador)”, nome dado pelos índios, justificado por uma capacidade incomum do querido
Leonardo Nunes, mais conhecido como “Abarebebê (padre voador)”, nome dado pelos índios, justificado por uma capacidade incomum do querido Padre: a de estar em lugares diferentes, não importando a distância e em tempo considerado extraordinário pelas pessoas que o conheceram. Para a mentalidade indígena, outra explicação não poderia haver, se não a capacidade de voar.
Jesuíta, nasceu em São Vicente da Beira (Portugal) em 21 de setembro de 1509 e integrou-se na Companhia de Jesus em 6 de fevereiro de 1546, aos 37 anos, filho de Simão Alvarez Guimarães e Izabel Fernandes Guimarães.
Veio ao Brasil na primeira missão chefiada por Manuel da Nóbrega, em 29 de março de 1549, trazidos pelo primeiro Governador-geral do Brasil, Tomé de Souza. No fim de 1549 ou início de 1550, chegou a São Vicente onde foi o primeiro missionário.
Trouxe as primeiras noções da religião cristã e, com auxílio dos portugueses, edificou igreja e seminário. Padre Leonardo Nunes sempre deu mais valor a bens espirituais do que ao conforto ou bens materiais. Gostava de cantar e tinha boa voz; usava este instrumento para atrair mais perto a sensibilidade indígena.
Foi um dos jesuítas que mais se tornou conhecido pelos indígenas do Paraná, transitou entre Paranaguá, São Vicente e Cananeia.
Na capela onde rezava a missa, intimou João Ramalho a retirar-se por julgá-lo excomungado.
Alguns historiadores atribuem a Leonardo Nunes a primeira ideia de fundar São Paulo.
Incansável, procurou os tamoios e carijós no sertão, restituindo a estes a liberdade negada pelos portugueses. Numa das cartas de Anchieta encontramos: “…porque também a vida do Padre Leonardo Nunes era muito exemplar e convertia mais com obras que com palavras”. Por ordem de Nóbrega, foi à Bahia, trazendo Anchieta e outros para São Vicente, chegando aqui em dezembro de 1553.
Em Peruíbe tem-se até hoje testemunho da obra de Leonardo Nunes. Encontramos aí, as ruínas existentes da igreja por ele construída. Ali rezou missa, doutrinou e residiu. Segundo ele mesmo narra, a igreja foi construída em tempo recorde: 8 meses, iniciada e acabada no mesmo ano.
Embarcou no ano seguinte para a Europa, de modo a relatar os acontecimentos a D. João III e a Ignácio de Loyola, mas, naufragando em viagem, morreu a 30 de junho de 1554.
Hamilton Ferreira Sampaio Junior
Historiador
Sócio Correspondente do IHGP
Referência:
Instituto Histórico e Geográfico de São Vicente.