Sem ter o que comemorar, o Brasil “comemorou” o dia mundial do Meio Ambiente. Após uma sucessão de escândalos envolvendo o mais alto escalão governamental brasileiro, e com números estratosféricos acerca do desmatamento, ambientalistas se reuniram em diversas cidades para protestar por mais responsabilidade às questões ambientais no país. Se considerarmos os motivos que levaram à criação do Dia Mundial do Meio Ambiente, em 1974, como desmatamento, desertificação, utilização de químicos tóxicos, e mudanças climáticas, não há avanços que possamos considerar significativos, seja em termos de governança global ou de políticas públicas em níveis locais, e isso teve um agravo ainda mais severo no Brasil nos últimos anos. Não há, portanto, o que comemorar nesse sentido. Mas, como todas as datas estabelecidas internacionalmente pelos movimentos populares ou ressignificadas pelos mesmos, o Dia Mundial do Meio Ambiente deve ser um dia de conscientização. Não apenas da esfera política, mas da sociedade como um todo. Constantemente presenciamos o acúmulo de lixo nas vias públicas, o descarte de restos de podas de árvores, de resíduos de construção civil, e até mesmo de móveis inservíveis.
Há ainda que se falar na responsabilidade, ou falta dela, por parte da indústria, não apenas no quesito poluição, mas também na destinação de resíduos sólidos. E aqui sim, cabe uma dura crítica às esferas governamentais, tanto pela omissão na fiscalização destes crimes ambientais, quanto na falta de criação de políticas públicas efetivas para a promoção do meio ambiente.
Todavia, o Meio ambiente, não pode ser tratado apenas como política pública. Precisa de consciência ambiental da população, da sociedade civil organizada, pelas administrações públicas, pela classe empresarial e industrial, e principalmente pelos políticos, pagos pela população para elaboração de leis que protejam, também o meio ambiente.
Pouco ou nada se vê sobre proteção animal em esferas federais, e os índices de maus tratos de animais domésticos, e de tráfico de animais silvestres, são os maiores da história da República.
Não se pode omitir à pauta, a importância do Brasil para o restante do mundo. Conhecido como o celeiro do planeta, o Brasil ocupa destaque mundial em áreas agricultáveis, e, para isso, depende diretamente da conservação de solo, nascentes, ar, clima, e outros fatores relacionados. Como se produzirá daqui a 50 anos, se o solo continuar sendo devastado em atenção aos números do desmatamento dos últimos 05 anos? A evolução dessa elaboração no ambientalismo mundial também tem a ver com seu desenvolvimento a partir das comunidades e populações mais atingidas pelo modelo predatório, que ainda concentra a imagem de seu maior rival, o ser mais predador ao meio ambiente de todos os tempos: O próprio homem.
“ Restam outros sistemas fora do solar a colonizar.
Ao acabarem todos, só resta ao homem, (estará equipado?)
a dificílima dangerosíssima viagem, de si a si mesmo:
pôr o pé no chão do seu coração, experimentar, colonizar,
civilizar, humanizar o homem, descobrindo em suas próprias
inexploradas entranhas, a perene, insuspeitada alegria, de con-viver.”
O homem; as viagens. Carlos Drummond de Andrade
Paulo Henrique de Oliveira é mestrando em administração pública, pós-graduado em direito administrativo, com MBA em gestão pública, extensões em ciências políticas, direito eleitoral e ciências sociais, e graduações nas áreas de administração de empresas, gestão de negócios, ciências políticas, e direito. É o Executivo do Podemos no Estado do Paraná, Ex Secretário de Saúde de Paranaguá, e atual Secretário de Saúde de Matinhos.