Esta semana, nós, Bispos do Brasil, realizamos a 58.ª Assembleia Geral, de modo virtual. Um dos pilares a nos sustentar é a espiritualidade,aliás, componente essencial para uma assembleia como esta. Nas 57 assembleias anteriores da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), sempre presenciais, a oração marcou o ritmo diário dos trabalhos. O primeiro encontro de cada dia era ao redor da mesa da Palavra e da Eucaristia, com a celebração da Eucaristia; depois, as plenárias eram abertas e encerradas com um momento de oração do Ofício Divino. Além disso, havia um dia e meio de retiro, no qual os bispos nos dedicávamos, exclusivamente, à oração e à revisão de vida.
Como garantir o cultivo da espiritualidade em uma Assembleia Geral, remodelada para o formato on-line? Devemos continuar a afirmar que a Liturgia é encontro e, por isso, nada supera o que é possível viver na modalidade presencial. Sim, a celebração litúrgica é a fonte de nossa vida espiritual.
Nesses dias de Assembleia Geral remota, todas as manhãs, o bispo auxiliar do Rio de Janeiro e secretário-geral da CNBB, Dom Joel Portella Amado, com a equipe de assessores e colaboradores presentes na sede da entidade em Brasília (DF), presidiu a Eucaristia, transmitida pelas redes sociais e emissoras de TV de inspiração católica. Depois, cada uma das sessões virtuais, quando todo o episcopado brasileiro estava conectado, era iniciada e concluída com um momento de oração. O retiro espiritual, que faz parte do estatuto de uma Assembleia Geral, também aconteceu de forma remota na manhã da quinta-feira, 15 de abril.
Desse modo, como é possível compreender, não ficamos sem o alimento espiritual, sustentando-nos nestes dias da Assembleia Geral (da qual estiveram ausentes somente 3 bispos, por motivo de doença). Houve, portanto,uma outra maneira de sermos alimentados na vida espiritual: recebemos sempre o Pão da Palavra. Em todos os momentos de espiritualidade, preparados com antecedência pela assessoria da CNBB, a Palavra de Deus esteve presente pela leitura de um Salmo e de um outro pequeno trecho das Escrituras. Se não pudemos celebrar conjuntamente a Liturgia, não nos faltou o Pão da Vida, tomado da mesa da Palavra, para nos alimentar nestes dias da assembleia. Para compreender melhor essa afirmação sobre o Pão da Palavra, concluo com esse ensinamento claro da Igreja, na Dei Verbum, n. 21: “A Igreja venerou sempre as divinas Escrituras como venera o próprio Corpo do Senhor, não deixando jamais, sobretudo na sagrada Liturgia, de tomar e distribuir aos fiéis o pão da vida, quer da mesa da palavra de Deus quer da do Corpo de Cristo. Sempre as considerou, e continua a considerar, juntamente com a sagrada Tradição, como regra suprema da sua fé.”