Desde que iniciei a escrita desta coluna, me propus a falar sobre a profissão à qual me dedico, a profissão de SER professora. E, a aproximadamente um mês do dia dos professores, escreverei os próximos quatro textos sobre os desafios e o amor por esta profissão.
Sou filha, sobrinha e prima de professoras e, posso dizer, que nasci dentro de uma escola. Nos primeiros meses de vida já acompanhava minha mãe nos cursos e em sua atuação profissional. O amor pela profissão não veio de berço, desculpe decepcionar alguns leitores. Na verdade, pela desvalorização da profissão, nunca quis ser professora, via as dificuldades enfrentadas pelos profissionais da área.
Mas, uma coisa que sempre digo aos meus alunos, do Curso de graduação em Pedagogia, e acredito ser verdade: uma coisa é SER professor, outra, é estar professor. Não estou aqui dizendo que para ser professor basta gostar da profissão, ter o “dom” de lecionar como dizem por aí. Acho isso muito simplório para uma profissão tão complexa. É preciso muito mais que gostar da profissão, é preciso estudar muito, ler muito, refletir diariamente sobre o processo de aprendizagem que é único para cada aluno, aprender a ensinar diariamente, aprender com as menores e mais significativas constatações e falas de alunos de 4 ou 5 anos.
Está achando isso tudo muito romântico? Dar-lhes-ei um exemplo: Nos primeiros meses, como estagiária em uma escola, me vi num desses momentos “significantes” que marcaram minha vida como professora. Estava eu, com apenas 17 anos em uma sala de educação infantil, com alunos de 4 e 5 anos, ensinando-lhes sobre peixes endêmicos da Baía de Paranaguá (lembrando que minha primeira formação é em Ciências Biológicas, por isso a temática abordada).
Ao final de minha científica explicação, entreguei a imagem de um peixe para que eles colorissem. E, num misto de ingenuidade profissional e postura tradicional de professora que quer demonstrar autoridade sobre o aluno, disse a um certo menino:
– Você não deveria colorir seu peixe de forma tão colorida! (Ele pintava cada escama com umas dez tonalidades de cor). Sem pestanejar ele me respondeu, como se entendesse tudo sobre a biodiversidade dos peixes:
– O meu peixe é de espécie rara, professora.
Como não amar? Como não aprender? Como não se perguntar qual a relevância de eu estar ali? Será mesmo que eu estava para ensinar? Ou para aprender a ser professora, com eles? Pois é! SER professor trata-se de uma complexidade que foge à simplória concepção de que o professor ensina e o aluno aprende.
Desculpem-me os leitores que esperavam um texto mais impessoal, mais científico. Precisava começar esta “coletânea” do mês dos professores relatando minha escolha em ser professora, mostrando como eu amo esta profissão e quem sabe, incentivar futuros professores.