A vida humana é marcada pela concreta relação com os bens. Uma pessoa, uma família ou uma empresa precisam planejar para poder viver e crescer ou, pior, apenas sobreviver.
Após ter revelado o “coração” do Pai que se alegra ao encontrar quem estava perdido (Lucas 15, domingo passado), Jesus ensinou os seus discípulos a usarem os bens deste mundo: Lucas 16,1-13. Indicou-lhes um caminho para se tornarem misericordiosos como o Pai: administrar a própria vida para alcançar a vida eterna, não colocando o dinheiro no lugar de Deus: “Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro”.
Jesus partiu de uma realidade que existia na sua época: um administrador dos muitos bens de uma pessoa rica. Ele não tinha um salário fixo, mas vivia do uso dos bens do patrão, negociando-os normalmente a altos juros, explorando quem necessitava do básico para viver: óleo e trigo. Mas, o administrador da parábola contada por Jesus mostrou-se tão desonesto que o patrão decidiu demiti-lo. Essa tornou-se a ocasião para o administrador repensar a própria vida: é melhor deixar de explorar as pessoas. E agiu com esperteza: garantiu patrimônio do rico e, diminuindo seus lucros, mostrou-se “bondoso” para com os devedores.
“Eu lhes declaro, disse Jesus a seus seguidores: Usem o dinheiro injusto para fazer amigos e, assim, quando o dinheiro faltar, os amigos receberão vocês nas moradas eternas”. Isto é, quando diante da morte o dinheiro não tiver mais valor algum, a solidariedade para com os necessitados nos abrirá as portas do céu. E prosseguiu: “Nenhum empregado pode servir a dois senhores, porque, ou odiará um e amará o outro, ou se apegará a um e desprezará o outro”. A conclusão não poderia ser mais clara: “Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro”.
A autenticidade de nossa vida cristã requer repostas sempre novas a perguntas antigas: Qual o lugar que Jesus ocupa na minha vida? Qual lugar ocupam em meu coração os bens materiais e o dinheiro? Que importância têm as pessoas, especialmente os pobres?
Um estilo de vida simples e sóbrio nos ajudará a ser solidários, a experimentar a alegria da partilha e, também, a não permitir que a ganância ou o desejo desenfreado pelo lucro manipulem nossas vidas e condicionem nossas escolhas.
“Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro”. Estas palavras de Jesus não podem ser esquecidas por aqueles de nós que se sentem seus seguidores, pois contêm a advertência mais grave que Jesus deixou à humanidade. O dinheiro, convertido em ídolo absoluto, é o grande inimigo para tornar o nosso mundo mais justo e fraterno, tal como Deus quer para todo os seus filhos e filhas.
“Ame o Senhor seu Deus com todo o seu coração… e ame ao próximo como a si mesmo. Não existe outro mandamento mais importante do que esses dois” (Mc 12,29-31).