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O senhor tempo

O que é o tempo? Quanto tempo o tempo tem? O meu tempo é igual ao seu tempo?

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O que é o tempo? Quanto tempo o tempo tem? O meu tempo é igual ao seu tempo? São perguntas que em um primeiro momento podem parecer inúteis. Contudo, nos permitem profundas reflexões sob o ponto de vista maturacional do organismo.

Frequentemente ouvimos que o tempo pode apagar tudo, as dores e os amores. Há quem discorde. O certo é, que mesmo em contexto científico, o tempo é relativo.

A percepção do tempo é captada através do nosso Sistema Nervoso Central. Embora a ciência não tenha referenciado uma estrutura específica no cérebro que reconheça o tempo, nosso corpo é regulado por um relógio biológico interno que inicia e encerra seu ciclo diariamente. A este processo dá-se o nome de ritmo circadiano, o qual impõe os horários de sono e vigília, além de influenciar várias funções de reparação.

Nossos sentidos são as portas de entrada dos aspectos ambientais. Em sincronia com a baixa luminosidade do fim do dia, uma glândula denominada pineal, secreta a melatonina, o “hormônio do sono”.  

O tempo molda nossos dias, comportamentos e aprendizagens. Jean Piaget, biólogo, psicólogo e epistemólogo suíço, um dos mais importantes pesquisadores em educação e pedagogia, descreveu sobre os estágios do desenvolvimento cognitivo das crianças a partir de uma sequência cronológica. Sua teoria se concentra na compreensão da reorganização progressiva dos processos mentais que evolui de acordo com a maturação biológica e a experiência ambiental, ambos moldados pelo tempo.

O cérebro, sob o ponto de vista anatômico e fisiológico, também evoluiu ao longo do tempo para responder adequadamente às interações ambientais. As respostas mediante as experiências sociais vivenciadas ao longo da vida levam ao aumento da plasticidade neural.

Do momento do nascimento até os primeiros anos de vida há um crescimento frenético na gênese de novas sinapses (comunicação entre os neurônios que permite reações mediante variados estímulos) e na mielinização dos neurônios (crescimento de uma bainha de mielina – “gordura” – ao redor dos neurônios) o que permite a rápida transferência dos impulsos nervosos e, portanto, uma rápida reação comportamental. Isso demonstra que o tempo nos aperfeiçoa, nos molda e capacita biologicamente e psicologicamente. 

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