Um dos maiores desafios sociais que a Educação enfrenta é compreender os problemas relacionados ao processo de aprendizagem.
Em meio escolar, os termos: dificuldades de aprendizagem, distúrbios comportamentais, psicomotorese emocionais, entre tantos outros, está cada vez mais habitual.
Obviamente, não se nega o fato de que existam problemas orgânicos e intelectuais que “atrasem” o processo de aquisição do conhecimento. No entanto, independentemente das dificuldades apresentadas pela criança na escola, professores, psicólogos e neuropsicopedagogos devem considerar que todos os indivíduos têm a possibilidade de aprender, cada um no seu tempo e ao seu modo. Esta simples compreensão permite que muitos traumas sejam impedidos.
Em outros momentos por aqui, já escrevi que aprender não é tarefa fácil. Aprender, por definição, é o processo pelo qual as competências, habilidades, conhecimentos, comportamentos são adquiridos ou modificados, como resultado de estudo, experiência, ensinamento, raciocínio ou observação.
Portanto, devemos concordar que é difícil desconstruir crenças, mudar comportamentos, interiorizar conceitos e significados. Nosso cérebro reluta para que isso aconteça, pois aprender demanda gasto de energia, algo tão essencial para o seu funcionamento. Mas, não se engane, adquirir conhecimento é o que nos mantém vivos, aprendizagens diárias desafiam nosso cérebro.
Possuir dificuldades de aprendizagem, por sua vez, causa estímulos dolorosos. E, de modo a reagir a estes estímulos, desencadeamos uma série de comportamentos defensivos, entre eles: respostas emocionais complexas, do tipo luta ou fuga.
Tais comportamentos são, em geral, acompanhados de fortes sensações subjetivas de desconforto e de intensa motivação para aliviar ou terminar a “dor”.
Pode ser que neste momento, o leitor deva estar se perguntando: qual a relação da dor com a aprendizagem?
Valendo-se de que aprender não é algo simples e quando o aprendiz possui dificuldades de aprendizagem, estes indivíduos experimentam:
- Momentos de frustração (estado emocional que acompanha a interrupção de um comportamento motivado);
- Sentimento de não pertencimento ao meio social (escola e/ou trabalho);
- Baixa autoestima (caracterizada por uma percepção negativa de si mesmo);
- Irritabilidade, angústia e entre outros.
Em outras palavras, experimentam momentos de dor.
No cérebro, há uma estrutura chamada Giro do Cíngulo Anterior. Esta estrutura permite a evocação de memórias, auxilia na aprendizagem e é ativada quando passamos por dores emocionais, sociais e físicas.
Portanto, olhar com menosprezo para as “pequenas aprendizagens” e os avanços obtidos segundo a capacidade de cada um, sejam das crianças ou mesmo dos adultos, é no mínimo ser pouco empático.