Os leitores que acompanham esta coluna têm sido semanalmente informados sobre o que é a Maçonaria, “uma instituição essencialmente filosófica, filantrópica, educativa e progressista”, e já abordamos diversos aspectos de cada um desses adjetivos. O que a verdadeira Maçonaria efetivamente é, ela fala através de suas obras no bem, seja na reforma ética e moral do homem maçom e da sociedade na qual ele convive, seja nas frequentes ações de filantropia, educação e progresso. Os assuntos que têm sido aqui abordados, de cunho histórico e filosófico, também permitem, em outro viés, chegar de boa-fé à conclusão de que a Maçonaria não é um instrumento do mal.
Mencionamos em “A verdade, um desafio”, publicado em fevereiro deste ano, ser notório que o desatento, ou aquele que limita sua busca de conhecimento à leitura de “whatsapp”, seja facilmente enredado por informações cuja origem e veracidade desconhece. “Logo estará também ele divulgando e ampliando a ressonância de tais “notícias”: se as “fake news”, literalmente “informações falsas”, são deliberadamente criadas por qualquer motivo obscuro, elas usualmente encontram maior disseminação ante a falta de inteligência individual.”
Tivemos nestas últimas semanas um exemplo pronto e acabado para essa afirmação. Circulou e repercutiu nas mídias sociais uma “notícia” tentando vincular negativamente determinado político ao satanismo, pelo fato de ele ter visitado uma loja maçônica, deixando assim subentendido um eventual vínculo da Maçonaria com um culto à ideia ou ao personagem cultural ou religioso conhecido como satã, satanás, ou outras denominações mais ou menos populares. São afirmações inverídicas e imagens falsificadas de forma tosca, alardeadas por “filhos da mentira” como se verdadeiras fossem, para denegrir uma pessoa ou um grupo de pessoas, algo já visto em momentos históricos muito tristes para a humanidade, como na propaganda nazista na segunda guerra mundial.
Este exemplo de “pós-verdade” felizmente já foi fartamente esclarecido em publicação de 07/10/22 pelo blog “Estadão Verifica – Comprova”, do jornal O Estado de S. Paulo, que concluiu serem “enganosas” as postagens relacionando o candidato ao satanismo e à maçonaria, e de que ele teria prometido “entregar o Brasil a satanás” (politica.estadao.com.br/blogs/estadao-verifica/postagens-enganam-ao-associar-bolsonaro-e-a-maconaria-ao-satanismo/), uma leitura muito esclarecedora.
A Maçonaria, uma entidade espiritualista em contraposição ao predomínio do materialismo, “reconhece a existência de um único princípio criador, regulador, supremo e infinito” que denomina de Grande Arquiteto do Universo”, uma forma de, sendo universal e não sendo uma religião, não fazer distinção e respeitar a crença de cada um de seus integrantes, seja qual for o nome que se dê a esse “princípio criador” (Deus ou Alá, por exemplo). “Estes fatores que são essenciais e indispensáveis para a interpretação verdadeiramente religiosa e lógica do Universo, formam a base de sustentação e as grandes diretrizes de toda ideologia e atividade maçônicas.”
Ora, é evidente que nestes requisitos definitivamente não se enquadra o dito “satanás” que, mesmo para quem o concebe, na cultura ou na religião, não passa de uma ideia ou de uma criatura, seja como uma personificação do mal. seja como um anjo caído. Definitivamente, não é um “princípio criador” e tal concepção filosófica, ou a malignidade que dela decorre, não encontra guarida entre os homens livres e de bons costumes que compõem a legítima Maçonaria, onde devem prevalecer as virtudes e o aperfeiçoamento moral, não havendo lugar para a falsidade, a mentira, a maledicência e tantas outras “maldades” atribuídas ao soturno.
Como quase tudo que a ignorância mediana equivocadamente atribui à Maçonaria, nesta acusação de vínculo ao satanismo há um longo histórico de ataques à Instituição através distorções e farsas de cunho linguístico, religioso e político, tão longo que não caberia relatar detalhadamente neste espaço, mas que pode ser resumido superficialmente com alguns fatos reveladores, como abordaremos em próxima edição.
Com informações de estadao.com.br; gob-pr.org.br; wikipedia.com.
Responsável: Loja Maçônica Perseverança – Paranaguá – PR ([email protected])
