Semeando Esperança

Um olhar indiferente exclui a vida

O tempo quaresmal está começando, “Fraternidade e vida: Dom e Compromisso”, este é o desafio de todos, mas de um modo especial, para os seguidores de Cristo.

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O tempo quaresmal está começando, “Fraternidade e vida: Dom e Compromisso”, este é o desafio de todos, mas de um modo especial, para os seguidores de Cristo. Pois, assim começa a oração da Campanha: “Ensinai-nos a sentir verdadeira compaixão expressa no cuidado fraterno, próprio de quem reconhece no próximo o rosto do vosso Filho. Inspirai-nos palavras e ações para sermos construtores de uma nova sociedade, reconciliada no amor”.

Jesus “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele” (Lc, 33-34). A Campanha da Fraternidade nos convida a uma profunda conversão e nos põe diante de Jesus, que nos oferece, na parábola do Bom Samaritano, duas formas de olhar. O primeiro um olhar de sacerdote e levita que vê e passa a diante; o segundo um olhar de samaritano que vê e permanece. Resta saber em qual das duas atitudes eu me localizo?

Quaresma é o tempo favorável para sairmos de nossa “alienação existencial” causada pelo comodismo, pela indiferença ou pelo descompromisso de nossa compaixão.  Quem olha e passa a diante representa a indiferença e desprezo à vida e questiona o nosso olhar, e obriga a exercitar o olhar virtuoso de Cristo.

Em busca de uma nova vida, somos chamados ao “intercâmbio” do cuidado: cuidarmos uns dos outros, e juntos cuidarmos da Casa Comum. Cada um fazendo a sua parte certamente faremos a diferença tanto na vida pessoal, comunitária, social e ecológica. O agir que abandona a vida das pessoas e não cuida do seu nicho ecológico, ainda não compreendeu o dom do compromisso. Nosso agir precisa ser um agir solidário, que exige uma ética do cuidado, capaz de cuidar, como modo de ser no mundo.

Sem uma razão para viver, o nosso dia a dia se torna vazio e não adianta preenchê-lo com qualquer coisa. Antes ou depois percebemos a inutilidade daquilo que realizamos, ou a infelicidade de ter jogado fora tempo, energias e, sobretudo, amor. “De fato, quem ama não julga, não acusa, não divide! Quem ama, cuida, acolhe, integra. Quem ama dialoga, suporta, se compadece” (TB. 94).

A vida é essencialmente samaritana! Agir como o bom samaritano supõe um novo aprendizado: empregar nossos melhores recursos, humanos, materiais e espirituais, para que aqueles que estão desfigurados pela dor possam reencontrar, como auxílio da fraternidade, a dignidade da vida. Tudo o que é ofertado, tudo o que é compartilhado se transforma.

Cuidemos da vida em todas as suas formas e expressões. Como diz o Papa Francisco: “Ganhamos plenitude quando derrubamos os muros e o coração se enche de rostos e de nomes”. Para que isto aconteça, precisamos nos humanizar, para humanizar a vida do outro, para que juntos, possamos produzir vida em abundância.

Um olhar indiferente exclui a vida

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