O final de ano geralmente é marcado por festas, comemorações e uma expectativa de melhoria para os dias que estão por vir. Apesar de ser uma época de planejamento e estabelecimento de metas, ela também costuma representar o ápice de um problema que tem se agravado constantemente no país que é o abandono de animais domésticos.
De acordo com dados da ONG Arca Brasil, o número de animais domésticos abandonados cresce em até 70% no final do ano em relação aos meses anteriores. A Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) estima que 30% dos 100 milhões de animais domésticos no país estão nas ruas.
É difícil compreender os motivos que levam uma pessoa a abandonar os animais que optaram adquirir e que assumiram, por escolha própria, os cuidados. O ato em si mostra que muitos não estabelecem um vínculo emocional, levados a ter um animal doméstico apenas por modismo ou impulso.
Seja por não ter com quem deixar os animais durante viagens, dificuldades em ajustar a vida com as necessidades dos pets, falta de planejamento ou desconhecimento a respeito de gastos, o fato é que tem se tornado normal observar animais largados a própria sorte. Isso traz consequências sociais pesadas para os municípios e saúde pública.
O crescente número de animais nas ruas e sem os cuidados apropriados contribui para transmissão de doenças, proliferação descontrolada e lixo espalhado na cidade. Isso sobrecarrega o trabalho de entidades de proteção aos animais e amplia os gastos dos órgãos públicos com saúde, limpeza e campanhas informativas.
Programas de castração, incentivo à adoção de animais e, especialmente, participação ativa no trabalho de conscientização são fundamentais para mudar essa realidade e evitar que as estatísticas continuem crescendo. Além da questão do abandono, o final de ano traz outros desafios em relação aos pets, que precisam de cuidados especiais devido ao calor, umidade, alimentos, mudança de ambiente ou barulho.
Especialistas destacam a importância de passear e estimular atividades com os animais para que gastem energia, bem como ressaltam que é preciso que bebam muita água para estarem hidratados e que não se alimentem com comidas que não estão acostumados. Na virada de ano, devido aos fogos de artifício, é indicado que o pet fique em um espaço que está habituado, isolado dos barulhos e ruídos que podem assustá-lo ou deixá-lo mais agressivo.
Precisamos espalhar cada vez mais a ideia que ter um animal doméstico não pode ser encarado como algo temporário, mas um compromisso que exige atenção, cuidados diários e, acima de tudo, responsabilidade. Dessa forma, gradualmente, poderemos fomentar o necessário respeito e atenção aos animais, que resultará em diversos benefícios sociais e econômicos em nossa sociedade.
Marcello Richa é presidente do Instituto Teotônio Vilela do Paraná (ITV-PR)